São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Família aluga casas de Warchavchik

Inquilinos muitas vezes determinam o valor

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Boa parte das casas projetadas por Gregori Warchavchik (1896-1972) ainda pertencem à família do arquiteto e é alugada.
Segundo Carlos Eduardo Horta Warchavchik, 34, neto do velho Warchavchik e também arquiteto, a assinatura do avô até determina o preço do aluguel, mas de forma pouco convencional.
"Algumas pessoas não têm condições de pagar o valor do aluguel praticado pelo mercado. Aí, damos descontos."
Segundo ele, quem o procura nessa situação mostra ter uma afeição pelo imóvel. "Esse tipo de inquilino, com certeza, vai cuidar bem da casa", afirma.
As casas da r. Berta, na Vila Mariana (zona sudoeste de São Paulo), são alugadas, de acordo com Carlos, por valores que variam de R$ 400 (contratos antigos) a R$ 1.000 (contratos recentes).
"O preço pode estar abaixo ou de acordo com o de mercado. De forma alguma, as pessoas pagam a mais pela assinatura de Warchavchik. Não temos o direito de cobrar a mais."
Atualmente, não existe nenhuma casa do arquiteto para alugar. Mas, quando aparece alguma oferta, o negócio é fechado sem a presença de corretores. O controle é da família.
"As pessoas ficam sabendo que uma casa está vazia e nos procuram. Daí, avaliamos a proposta e fechamos ou não o contrato", resume Carlos.
Sonia Maria Horta Mageon, 44, que mora em uma das casas da r. Berta, é parente da família Warchavchik. "Quando cheguei da Europa, quatro anos atrás, não procurei outro lugar para morar." Diz adorar a casa por ela estar bem posicionada em relação ao sol.
"Se eu imaginar que essas casas foram projetadas para serem baratas e populares, elas ganham muito mais valor", afirma Sonia.
Longe dos aluguéis, a casa da r. Santa Cruz (Vila Mariana) vive um drama: a sede do parque Modernista está fechada para o público desde 1994, quando foi depredada durante uma invasão.
Segundo Airton Camargo e Silva, 35, presidente da Associação Pró-Parque Modernista, existe uma negociação com a Secretaria Estadual de Cultura para reativar o parque. A casa pertence hoje ao Patrimônio Histórico.
A associação surgiu em 1983, quando a casa foi posta à venda pelos herdeiros de Warchavchik. A empresa Carmel Empreendimentos Imobiliários comprou a área de 12.800 m2 para construir quatro prédios residenciais.
Os moradores do bairro e admiradores de Warchavchik se mobilizaram e conseguiram uma liminar na Justiça para impedir a construção do empreendimento.

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