São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Má conservação desvaloriza imóveis

Dos 17 projetos de Carvalho, só 1 preserva memória

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A casa boa fica na r. Ministro Rocha Azevedo, esquina com a al. Lorena. Abriga hoje o escritório do arquiteto Arthur Mattos Casas, 35.
Pequenas modificações foram feitas no interior da casa. Mas, segundo Casas, o novo estilo corresponde ao projeto idealizado por Flávio de Carvalho.
"Tirei a cozinha e, como a fachada tinha sido alterada por moradores anteriores, fiz um trabalho de recuperação do local."
Quanto ao preço dos imóveis, Casas diz ser difícil avaliá-los. "Eles estão muito malconservados. Um imóvel também é valorizado pelo seu estado de conservação. Não sei dizer quanto valem as casas daqui."
Há três anos na região, Casas afirma nunca ter visto um morador fazer um trabalho de preservação com as casas de Carvalho.
Seu escritório tem 150 m2 e pertence ao artista plástico Silvio Monteiro de Barros, que herdou a casa do pai. Casas não revela quanto paga de aluguel.
"O imóvel que uso está conservado e, em uma possível venda, o proprietário será beneficiado. Ainda assim, acho que a casa está avaliada pelo preço de mercado."
Casas acha que a assinatura de um arquiteto deveria ser levada em conta na hora de fechar um negócio. "Isso acontece em vários países do mundo, mas no Brasil a coisa não funciona assim."
Olga Martinelli, 76, também ocupa uma das casas projetadas por Flávio de Carvalho na região. Comprou o imóvel em 1961 sem saber que o projeto era dele. "Só tomei conhecimento quando já morava aqui."
Ela diz ter feito um ótimo negócio na época. "A casa era diferente das outras que existiam na cidade, mas não me incomodei com isso."
Olga não pretende vender sua casa, mas garante receber diversas propostas de pessoas interessadas no imóvel. "Arquitetos e artistas cobiçam minha casa. Mas eu só a venderia se me oferecessem mais do que vale. Isso nunca vai acontecer", afirma.

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