São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Tribunal da guerrilha condena Pol Pot

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O grupo guerrilheiro Khmer Vermelho, do Camboja, condenou seu ex-líder Pol Pot por diversos crimes a uma pena não especificada, disse rádio da guerrilha.
"Milhares de pessoas se reuniram para condenar e sentenciar Pol Pot por seus sérios crimes contra o povo e a nação", disse o veículo em transmissão monitorada em Phnom Penh, a capital do país.
As agências de notícia "Associated Press" e "France Presse" disseram que o ex-homem forte do Camboja Pol Pot foi condenado à prisão perpétua.
A rádio, na transmissão de ontem, não disse se seu ex-líder estava presente ao encontro. O paradeiro e o estado de saúde de Pol Pot, que não é visto há vários anos, são desconhecidos.
O Khmer Vermelho, sob seu comando, controlou o Camboja de 1975 a 1979. No período, mais de 1 milhão de pessoas foram mortas em campos de trabalho forçado, de fome ou por execuções.
A guerrilha pró-China, expulsa do poder por uma invasão do vizinho Vietnã, aliado aos soviéticos, controlava desde o final da década de 70 parte do norte do Camboja de onde realizava ações guerrilheiras.
O grupo, porém, sofre um constante processo de enfraquecimento que acompanha a derrocada de Pol Pot -relatos dizem que o ex-líder guerrilheiro está gravemente doente, com malária.
Em junho, fontes do Khmer Vermelho anunciaram a prisão de seu ex-líder. Khieu Samphan, um dos chefes da guerrilha, disse em 5 de julho que Pol Pot estava politicamente acabado.
Na transmissão de ontem, o grupo disse ainda que não se chamava mais Khmer Vermelho. "Não sabemos o que significa esse nome", disse Khan Nun, porta-voz dos guerrilheiros. Não está claro se a declaração significa a dissolução do grupo.
A enfraquecida guerrilha aproveitou o pronunciamento de anteontem para condenar o golpe do atual dirigente do país, o segundo primeiro-ministro Hun Sen, representante dos pró-vietnamitas.
No final de semana dos dias 5 e 6 de julho, forças de Hun Sen atacaram em Phnom Penh bases dos aliados ao então primeiro primeiro-ministro cambojano, o príncipe Norodom Ranariddh.
Norodom e o segundo premiê, ex-adversários da guerra civil, governavam o país desde 1993 por meio de uma instável coalizão.
A comunidade internacional, que condenou o golpe em um primeiro momento, parece disposta a aceitar a nova liderança do país.
Ontem, uma autoridade dos EUA que não quis ser identificada disse que "se exclui que o príncipe Norodom possa voltar a ocupar seu cargo". "Devemos julgar os atos de Hun Sen dia a dia", disse Madeleine Albright, secretária de Estado dos EUA.

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