São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Associação quer evitar demissão na Justiça

FÁBIO GUIBU; PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia, cabo Selmo Torquato, disse que vai "acionar a Justiça" no caso de os policiais afastados serem demitidos injustamente.
"Os colegas que participaram do movimento podem até ser punidos de acordo com regimento da PM, mas, daí eles serem demitidos, é uma diferença muito grande", diz.
Segundo Torquato, o departamento jurídico da entidade vai ficar à disposição dos 70 policiais afastados ontem pelo governo cearense.
Ele diz que defende a "demissão" dos policiais que comprovadamente acionaram suas armas no tiroteio ocorrido na terça-feira passada.
O secretário da Segurança Pública e Defesa da Cidadania, general Cândido Freire, diz que o processo de punição dos policiais obedecerá a "todo o ritual legal" exigido pelas corporações.
Segundo Freire, os PMs responderão a um inquérito no conselho disciplinar e, após sua conclusão, terão sentenças definidas pelo comando da Polícia Militar.
No caso dos policiais civis, diz Freire, caberá à corregedoria da Secretaria da Segurança Pública abrir inquérito e encaminhar o resultado para o Ministério Público.
"Apesar de o governo recomendar a expulsão desses policiais, eles terão amplo direito de defesa e só serão punidos com base na lei", diz o secretário da Segurança.
Segundo ele, a denúncia vai usar como provas de acusação as filmagens e fotografias feitas durante a manifestação e que comprovam a participação dos acusados "em atos de baderna, com características de motim".
O presidente da secção cearense da Ordem dos Advogados do Brasil, Cândido Albuquerque, disse que a utilização dos filmes e fotografias como provas "é considerado como legal" pela Justiça.
"O que mais nos preocupará nesses processos é que o direito de defesa dos acusados seja respeitado", disse Albuquerque.
Comandante
O comandante da PM do Ceará, coronel Mauro Benevides, melhorou seu estado de saúde e deverá ter alta hospitalar até amanhã.
Benevides está internado no Hospital José Frota desde terça-feira, quando foi atingido por um tiro nas costas, durante o tiroteio ocorrido numa manifestação de policiais.
A bala que atingiu Benevides alojou-se na altura do pescoço. O impacto do tiro derrubou-o e provocou ferimentos acima do olho direito e traumatismo craniano.
(FÁBIO GUIBU E PAULO MOTA)

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