São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Massacre no PA terá julgamento em 97

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até o final deste ano, a Justiça do Estado do Pará deverá julgar os 155 policiais militares que participaram da chacina de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás (leste do Estado), em abril do ano passado.
O julgamento não deverá mais acontecer no ano 2.010, como previa a Justiça Militar do Pará. Os PMs são acusados de homicídio doloso (intencional).
A nova previsão do julgamento foi apresentada ontem ao Ministério da Justiça pelo procurador-chefe do Ministério Público do Pará, Manoel Santino.
Segundo ele, o processo foi acelerado por causa da designação de promotor e juiz exclusivos.
Santino prestou informações sobre o andamento do processo no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.
"Nós conseguimos superar a grande descrença que havia sobre a competência do Ministério Público e da Justiça do Pará para dar uma resposta rápida ao caso", afirmou o procurador.
Santino disse que a denúncia contra os PMs por homicídio foi transferida da Justiça Militar para a Justiça comum em razão do projeto de lei de autoria do deputado Hélio Bicudo (PT-SP) aprovado em 96. Os PMs respondem a outro processo na Justiça Militar por lesões corporais de 66 sem-terra.
Testemunhas
Segundo o procurador, até setembro o juiz Otávio Marcelino Maciel deverá concluir os depoimentos das 40 testemunhas relacionadas pela defesa dos PMs e pelo Ministério Público.
Está marcado para o dia 11 de agosto o depoimento do governador Almir Gabriel (PSDB).
Também irão depor na próxima semana o secretário de Segurança Pública do Pará, Paulo Sette Câmara, e o comandante da PM, coronel Fabiano Lopes.
Luiz Abdoral Lopes, que defende os PMs, disse que pediu ao juiz a convocação de mais seis testemunhas. Entre elas José Rainha Jr., líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária), e o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim.

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