São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Governadores não abrem mão da PM

Grupo discute crise na polícia hoje com FHC

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nenhum dos oito governadores convidados para uma reunião hoje à noite com o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende abrir mão da Polícia Militar -ainda que reformulada- caso venham a ter autonomia para definir um novo modelo de segurança em seus Estados.
A proposta do governo de dar liberdade aos Estados para reformarem as polícias não tem opositores no grupo, mas alguns acreditam que a idéia não é suficiente para pôr fim à crise.
"Algumas questões têm de ser definidas de forma uniforme: o país não pode conviver com alguns Estados com Polícias Militares e outros sem", avaliou o governador do Rio Grande do Sul, Antônio Britto (PMDB).
FHC quer ouvir os governadores antes de definir a proposta que irá ao Congresso. Não há consenso sobre o modelo ideal, embora a maioria dos governadores afirme que a crise tenha tornado inevitável a mudança do modelo de segurança pública.
"Temos condições de vencer as resistências: não dá mais para ficar do jeito que está", disse Tasso Jereissati (PSDB), do Ceará, sobre as chances de conseguir votos no Congresso para enfrentar o lobby das PMs, contrário à retirada do artigo sobre segurança pública da Constituição.
Jereissati propôs que a União crie um fundo para modernizar o setor de segurança dos Estados, financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Os recursos iriam para compra de equipamentos e reciclagem dos PMs.
Ele defende uma desmilitarização parcial da segurança. "Precisamos ter uma parte da polícia militarizada, que tenha disciplina e hierarquia militar, mas que tenha características civis."
O governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), também é contra a desmilitarização: "Podemos até discutir uma maior atuação conjunta (das polícias Civil e Militar), mas cada uma tem sua função específica".
O governador Mário Covas (PSDB) -o único com uma proposta formal de reforma- defende emenda que limita o efetivo das PMs a, no máximo, 0,1% da população do Estado.
A idéia de unificar o comando das polícias Civil e Militar conta com a simpatia dos governadores. "É fundamental encontrar uma forma de integrar as polícias. Evitaria um enorme desperdício de energia", disse Paulo Souto (PFL), governador baiano.
Nenhum dos governadores ouvidos espera uma solução de FHC para a questão salarial.

Colaborou a Agência Folha, em Fortaleza e em Belo Horizonte

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