São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Nicéa não comparece a depoimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Nicéa Pitta, mulher do prefeito Celso Pitta (PPB), não compareceu ontem ao depoimento marcado no Ministério Público estadual para esclarecer seu envolvimento com a empresa A D'Oro, investigada por suspeita de favorecimento em negócios com a prefeitura.
A primeira-dama fez um estágio não-remunerado na empresa, que pertence a Fuad Lutfalla, cunhado do ex-prefeito Paulo Maluf, em 1993.
O advogado de Nicéa, Jamil Mattar de Oliveira, entregou na tarde de ontem um atestado médico ao promotor Alexandre de Moraes, encarregado do caso, justificando a ausência.
O documento, assinado pelo médico Huel Sette Júnior, da Clínica Cirúrgica de Doenças Epáticas Pró-Fígado, recomendava repouso domiciliar à primeira-dama, em função da realização de dois exames: UCG abdominal e uma esofagogastroduodenoscopia.
A justificativa foi aceita pelo promotor, que deverá marcar um novo depoimento.
Segundo Moraes, Pitta já teria dado declarações em que afirmava que as atividades da mulher com frangos contribuíram para a renda da família. O prefeito afirmou, na segunda-feira, que essas declarações "não existem".
Seguranças
Marcelo Daura, presidente da Comissão Municipal de Preços e Serviços e responsável pela checagem de preços dos produtos comprados pela Prefeitura de São Paulo, depôs ontem durante mais de quatro horas.
Nervoso, Daura chegou acompanhado por quatro seguranças, que tentavam impedir que ele fosse fotografado, e não quis falar com a imprensa.
Ele foi intimado para explicar por que a Secretaria Municipal do Abastecimento pagou mais do que o preço de mercado pelo frango que comprou da A D'Oro entre agosto de 1996 e fevereiro deste ano.
A empresa ganhou o direito de fornecer o quilo do produto por R$ 1,73 depois que a Sadia, vencedora da licitação, solicitou aumento no preço que cobrava.
Segundo o promotor, em pelo menos uma rede de supermercados, a Pão de Açúcar, o preço cobrado era inferior ao pago pelo município à A D'Oro.
A comissão presidida por Daura é encarregada de acompanhar a evolução de preços dos produtos e, no caso de haver queda no valor cobrado pelo mercado, adequá-los à concorrência.
Além disso, na avaliação do Ministério Público, uma nova licitação deveria ter sido feita após a desistência da vencedora da concorrência.
Um dos diretores da Sadia, Aguinaldo Pinheiro Sanchez, também prestou depoimento ontem.
O Ministério Público investiga ainda a Obelisco Agropecuária, de propriedade de Sylvia e Ligia Maluf -respectivamente mulher e filha do ex-prefeito.
A empresa também participou da negociação com o município, vendendo frangos para abate para a A D'Oro.
Pitta, em entrevista, defendeu o negócio. Novos depoimentos foram marcados para sexta-feira. Sylvia Maluf e Fuad Lutfalla ainda deverão ser ouvidos.

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