São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Nicéa Pitta não comparece a depoimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Nicéa Pitta, mulher do prefeito Celso Pitta (PPB), não compareceu ontem ao depoimento marcado no Ministério Público estadual para esclarecer seu envolvimento com a empresa A D'Oro, investigada por suspeita de favorecimento em negócios com a prefeitura. Nicéa apresentou um atestado médico.
O promotor Alexandre de Moraes marcou novo depoimento da primeira-dama para o dia 14 de agosto às 14h. A mulher do ex-prefeito Paulo Maluf, Sylvia Maluf, e a filha Ligia Maluf foram convocadas para depor na próxima segunda-feira às 14h30.
Nicéa Pitta fez um estágio não-remunerado na A D'Oro, que pertence a Fuad Lutfalla, cunhado de Paulo Maluf, em 1993. O advogado de Nicéa, Jamil Mattar de Oliveira, entregou na tarde de ontem um atestado médico ao promotor Alexandre de Moraes, encarregado do caso, justificando a ausência da primeira-dama.
O documento, assinado pelo médico Hoel Sette Júnior, da Clínica Cirúrgica de Doenças Hepáticas Pró-Fígado, recomendava repouso domiciliar à primeira-dama, em função da realização de exames.
A justificativa foi aceita pelo promotor Alexandre Moraes.
Segundo Moraes, Pitta já teria dado declarações em que afirmava que as atividades da mulher com frangos contribuíram para a renda da família. O prefeito afirmou, na segunda-feira, que essas declarações "não existem".
O Ministério Público investiga ainda a Obelisco Agropecuária, de propriedade de Sylvia e Ligia Maluf. A empresa também participou da negociação com o município, vendendo frangos para abate para a A D'Oro. Pitta, em entrevista, defendeu o negócio.
Marcelo Daura, presidente da Comissão Municipal de Preços e Serviços e responsável pela checagem de preços dos produtos comprados pela Prefeitura de São Paulo, depôs ontem.
Daura chegou ao Ministério Público às 14h30 acompanhado por quatro seguranças, que tentavam impedir que ele fosse fotografado. Saiu às 20h, sem dar declarações.
Durante o depoimento, Daura entregou um dossiê ao promotor, de mais de 3.000 páginas, no qual procura provar que a operação não deu prejuízo à prefeitura porque obedeceu ao princípio do menor preço. Segundo o promotor, Daura confirmou que trabalhou para a empresa de Paulo Maluf, Eucatex, antes de integrar os quadros da prefeitura.
Daura foi intimado para explicar por que a Secretaria Municipal do Abastecimento pagou mais do que o preço de mercado pelo frango que comprou da A D'Oro entre agosto de 1996 e fevereiro deste ano.

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