São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Sem-terra ameaçam roubar alimentos e fazer novos abates

Carne deve alimentar 2.163 famílias até amanhã

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITAQUIRAÍ (MS)

Coordenadores do maior acampamento de trabalhadores rurais sem terra no Mato Grosso do Sul, em Itaquiraí, ameaçaram ontem fazer novos saques a caminhões com alimentos e abater mais gado da fazenda Mestiço, invadida pelos sem-terra desde o último dia 18.
Ontem, a coordenação do acampamento acabou de dividir os cerca de 7.200 quilos de carne obtidos com o abate de 42 cabeças de gado da propriedade, ocorrido um dia antes junto com a apropriação de 450 cabeças de gado.
Os sem-terra prevêem que a carne -retalhada e estendida ontem em varais e cercas- será suficiente para alimentar as 2.163 famílias somente até hoje ou amanhã.
"Se o governo não der solução para nossos problemas até lá, voltamos a fazer de tudo para alimentar nossas famílias", disse José Mauro dos Santos, 29, integrante da coordenação do acampamento.
Nenhum representante do governo esteve no acampamento até o início da noite. Policiais civis e militares da região estão orientados pela Secretaria da Segurança Pública a não interferir no assunto, nem mesmo em caso de saque.
Os sem-terra reivindicam o repasse de 2.163 cestas básicas para o acampamento. O secretário de Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, Joaquim D'Assunção de Sousa, viajaria ontem a Brasília para audiências nos ministérios da Justiça e da Política Fundiária e no Incra para tentar uma solução.
O líder do MST no Pontal do Paranapanema (SP), José Rainha Jr., criticou a ação."Eu fico preocupado. Acho que não é dessa forma que nós iremos avançar a reforma agrária no Brasil", afirmou.

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