São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Normas de conduta podem ser impostas ou combinadas

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

As formas como as escolas lidam com a questão da disciplina são tão diferentes quanto as metodologias de ensino que adotam.
Na realidade, não há escola que se encaixe exatamente em um ou em outro -e, no limite, todas têm que ter regras mínimas de convivência. Mas dá para perceber ênfase em um dos dois sentidos.
Nas décadas de 60 e 70, as escolas alternativas surgiram em oposição ao tipo de trabalho escolar que não levava em conta a individualidade do estudante. Enfrentaram vários problemas com isso -inclusive o baixo desempenho escolar dos alunos- e, atualmente, já estão bem menos liberais.
Hoje há até escolas sendo inauguradas com ênfase na disciplina tradicional, para atrair clientela. O Colégio Rousseau, em funcionamento há quatro anos, é um exemplo. Exige que o aluno use uniforme e traga todos os dias seu caderno escolar (uma espécie de agenda, que é usada também para a comunicação com os pais).
"Aqui não adianta, tem que usar uniforme, se não, não entra", afirma o diretor Aércio Lombardi.
As alternativas deram origem a um outro tipo de abordagem, que hoje é usada por muitas tradicionais: os chamados "combinados". À medida em que surgem problemas disciplinares, discute-se com a turma e são estabelecidas regras (combinados) para permitir que os problemas sejam superados.
É muito comum entrar em salas de aula (desde a pré-escola) e encontrar esses "combinados" afixados na parede: "Não conversar enquanto a professora está explicando", "Se organizar entre uma atividade e outra", "Guardar os livros depois de usá-los", etc.
Mas, na maioria das vezes, a posição da escola sobre disciplina é mais visível na forma como ela organiza o trabalho pedagógico.
Por exemplo: todos os dias os alunos da Escola Vera Cruz têm um tempo para o chamado Trabalho Pessoal, em que têm que cumprir um conjunto de tarefas determinadas no início da semana.
Não há ordem estabelecida para essas atividades, e, enquanto estão trabalhando, dois professores na frente da sala atendem individualmente aqueles que têm dúvidas.
Em geral, as instituições que tiveram origem no "movimento das alternativas", defendem que o interesse do estudante pela atividade é que determina a disciplina que tem para o trabalho escolar.
Por causa disso, em séries mais avançadas (5ª em diante), quando os alunos questionam mais o professor e os conteúdos, é comum encontrar os chamados projetos individuais.
São projetos que o próprio estudante ou a turma decide fazer -por exemplo, montar um jornalzinho. No projeto, a escola introduz os conteúdos que teriam de ser ensinados naquela série.
"O problema da disciplina se resolve quando aquilo que o aluno está fazendo tem sentido para ele", afirma João Ribeiro, diretor do Galileu Galilei.
(FR)

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