São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Vigilante de banco 'fornece' armas

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os vigilantes de bancos alimentam indiretamente o mercado clandestino de armas de São Paulo "fornecendo", em média, 11 revólveres por dia ou 220 por mês, quando rendidos por assaltantes.
Levantamento da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo mostra que no primeiro semestre deste ano foram roubadas, no Estado, 1.325 armas de seguranças de bancos, durante assaltos a agências -média de 220,5 por mês ou de 11 por dia (considerando-se 20 dias úteis mensais).
Somente anteontem -dia 5, de pagamento- foram roubadas, segundo a Polícia Militar, 18 armas de vigilantes de bancos da capital.
O número de revólveres roubados em assaltos a bancos é equivalente a 9% do total de armas apreendidas (14.601) nos primeiros seis meses do ano.
Ou seja, do total de armas ilegais recolhidas pela polícia, quase 10% retornam para os criminosos involuntariamente cedidas pelos seguranças bancários.
Especialistas apontam a falta de preparo dos vigilantes, a impotência de suas armas (revólveres calibre 38) diante do armamento dos assaltantes (normalmente metralhadoras e fuzis) e a inadequação da segurança das agências como fatores que proporcionam os assaltos a bancos e, consequentemente, o roubo de armas dos seguranças contratados.
"Hoje os vigilantes de bancos são malpreparados. Eles têm pouco treinamento e aulas de tiro. Não estão aptos a enfrentar criminosos estruturados", disse o assessor da Federação dos Vigilantes Privados de São Paulo, Carlos Roberto da Silva Silveira.
Chumbinho
Segundo ele, atualmente os seguranças fazem curso preparatório de 120 horas/aula e dão, "no máximo", 20 tiros, "muitas vezes com espingardas de chumbinho".
"O que queremos é elevar a carga horária dos cursos de vigilantes para 300 horas, com, pelo menos, 150 tiros de verdade", disse Carlos Roberto Silveira.
A proposta de reformulação dos cursos de seguranças privados deverá ser encaminhada ainda este mês pela Federação Nacional dos Vigilantes Privados para o ministro da Justiça, Iris Rezende.
Assaltos
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Manoel Castaño Blanco, os roubos de armas de vigilantes "são a consequência direta dos assaltos a agências". "Evitando os assaltos, vidas são poupadas e armas não são roubadas", disse Blanco.
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, os roubos a bancos aumentaram 7,7% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

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