São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997 |
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Artista fica entre o abstrato e o figurativo
BRUNA MONTEIRO DE BARROS
A mostra traz obras inéditas de várias épocas, já que Ianelli não tem preocupação com a data dos trabalhos. "Na verdade, prefiro não expor a última produção." Porém, o artista faz questão de frisar que essa não é uma exposição de retorno, mas que tenta situar o que faz agora e o que fez há dez anos, por exemplo. Em suas obras, Ianelli retrabalha elementos do cotidiano. "Não me interessa discutir se sou ou não figurativo", disse. "Minha preocupação é a consistência, que compreende luz, cor, técnica de transparência e respeito pelo espaço." Nessa exposição, Ianelli mostra 28 obras -13 pinturas, uma série de nove aquarelas e seis objetos. Para a produção das aquarelas, o artista trabalhou à moda antiga: pintou em frente à natureza, numa paisagem litorânea. "É uma prática complicada, você tem que enfrentar ventania, abelhas ou mau cheiro. Mas é um exercício para a síntese, para o filtro", conta. Os objetos da exposição se dividem em dois grupos: os apoiados em parede (relevos) e aqueles em planos horizontais. Para Ianelli, são pinturas em terceira dimensão. "Resolvi expor essas obras agora, pois as pessoas estão mais conscientes da minha linha de trabalho e não sentirão como um corpo estranho", diz o artista, que começou a trabalhar com essas obras em 1970. Ianelli utilizou materiais diversos, como madeira, ferro e tecido, entre outros. O relevo "Dois Perfis" (1990), por exemplo, possui fragmentos de colméia de abelha. Nas pinturas, o artista tenta ficar no limite -entre o abstrato e o figurativo, o escultórico e o pictórico. "O limite é o ponto de domínio da minha personalidade. Crio atendendo ao meu apelo interior." Uma das características de Ianelli é o estudo das cores, sem preparação prévia. "É como o compositor, que senta em frente ao piano e cria a passagem no teclado quando recebe as primeiras sonoridades provocadas por ele mesmo." As pinturas, as aquarelas e os objetos que compõem a mostra foram escolhidos por Ianelli e pela curadora Maria Alice Milliet. "Em 50 individuais, é a primeira vez que trabalho com o apoio de uma curadoria", conta. O quê: exposição de Thomaz Ianelli Quando: hoje, às 21h; segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado, das 10h às 14h Onde: Galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 011/853-2123) Quanto: entrada franca Preço das obras: de R$ 2.300 a R$ 23.000 Texto Anterior: U2 pode dividir palco com Oasis e Senna Próximo Texto: Ivaldo Bertazzo reúne erudito e popular Índice |
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