São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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1.046 ex-clientes podem abrir processo

Inquérito revela fraude em contas

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Os 1.046 ex-clientes do Banco Nacional que tiveram contas usadas à sua revelia para encobrir o rombo de R$ 9,2 bilhões no patrimônio da instituição podem, em tese, exigir na Justiça reparações cíveis (indenizações em dinheiro).
A informação foi divulgada ontem pelo procurador da República Rogério Nascimento, um dos encarregados de acompanhar o inquérito encaminhado anteontem ao Ministério Público pela PF.
Teoricamente, poderiam sofrer processos, por exemplo, os ex-controladores do Banco Nacional (família Magalhães Pinto), a União (que assumiu a "parte podre" do banco) e até o Unibanco (que ficou com a "parte boa").
Perícias contábil e de informática anexadas ao inquérito mostraram que foram manipuladas de forma supostamente irregular as contas de clientes que, entre 1988 e 1995, ficaram inadimplentes.
Quando houve a intervenção do BC, em novembro de 95, 652 dessas contas estavam ativas. Muitas eram de empresas já fechadas.
Outras, porém, ainda funcionavam e tinham saldado suas dívidas, mas foram usadas para encobrir perda de patrimônio.
No inquérito, o delegado Galileu Pinheiro indiciou 39 pessoas por supostos crimes de gestão temerária e gestão fraudulenta. O advogado Sérgio Bermudes, que defende os Magalhães Pinto, disse que o relatório do delegado é "irrelevante" e não apontou desvios.
A Folha apurou que uma das empresas usadas foi a Blow Up, uma produtora que fazia comerciais para o Nacional. A empresa devia o equivalente a US$ 50 mil. Em 90, quitou a dívida, mas, pelo inquérito, foi mantida irregularmente como inadimplente.
Os peritos que investigaram as fraudes detalharam 44 "marretas" (procedimentos irregulares em programas de computador) que permitiam manipular as contas. Mas há, dizem, "centenas" delas, algumas com nomes como "Marreta Quebra-Galho" e "Passa Graxa que Entra".

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