São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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Promotoria checa depoimento de Nicéa

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público vai verificar junto à Receita Federal as informações prestadas pela primeira-dama paulistana, Nicéa Pitta, durante depoimento ontem sobre o caso da venda de frango para a Prefeitura de São Paulo.
Durante o depoimento, Nicéa disse que nunca ganhou dinheiro da venda de frangos. Ela trabalhou, como estagiária, na empresa A D'Oro -de Fuad Lutfalla, cunhado do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB)-, que vendeu frango à prefeitura entre agosto passado e fevereiro deste ano.
Segundo o promotor Alexandre de Moraes, há diversas citações na imprensa de que ela auxiliava a renda doméstica vendendo frango para restaurantes.
Nicéa afirmou que isso foi uma "versão" que correu na imprensa paulista, mas que nunca deu tal declaração. Essa "versão" foi publicada por ocasião das justificativas do prefeito Celso Pitta (PPB) para as suspeitas de que seus gastos eram superiores à sua renda declarada.
O promotor Moraes agora quer saber se há algum indício de que Nicéa trouxe dinheiro da venda de frangos para casa. A Receita Federal autuou Pitta em quase R$ 100 mil devido a imprecisões em sua declaração de renda.
Além de requisitar à Receita, Moraes deve ter dados já hoje, a partir do inquérito civil que apura a compra de um Vectra pelo casal Pitta. Esse inquérito já continha informações da Receita.
Despiste
O depoimento da primeira-dama, marcado inicialmente para hoje, ocorreu de forma inesperada para evitar o assédio dos jornalistas. Ela chegou acompanhada do marido, o prefeito Celso Pitta (PPB), do advogado Jamil Matta e do secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva.
"O prefeito veio na condição de marido, não perguntei nada a ele", disse o promotor Moraes. O depoimento começou às 10h e durou cerca de uma hora e meia. Ela não falou depois.
Nicéa confirmou que fez estágio na A D'Oro entre agosto de 1993 e março de 1994, ganhando apenas o reembolso de gastos com alimentação e transporte -R$ 2.036,81.
Ela também disse que fez uma visita de cortesia à Casa da Moeda no Rio na época, acompanhada do dono da A D'Oro, Fuad Lutfalla, mas nunca tentou vender frango à instituição. O diretor da empresa, Caio Lutfalla (filho de Fuad), havia dito na semana passada que desconhecia esse episódio.
Parte do frango vendido pela A D'Oro à prefeitura veio da empresa Obelisco, da mulher de Paulo Maluf, Sylvia.

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