São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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FHC muda forma de desapropriação

DA SUCURSAL DO RIO

Ao lançar projeto 'Cédula da Terra', presidente descarta fazer da reforma agrária um slogan
Um dia depois de fazer um discurso no qual falou como candidato, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem no Palácio do Planalto que seu governo não vai fazer da reforma agrária um slogan.
"Talvez os que gostem da reforma agrária somente para fins políticos fiquem tristes, queixosos. Talvez não gostem do que nós estamos fazendo hoje aqui. Pois melhor que não gostem mesmo porque faremos mais. Faremos mais porque nós temos interesse não é de transformar reforma agrária em slogan", disse o presidente.
A declaração foi feita na cerimônia de lançamento do projeto "Cédula da Terra". A Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) recusou o convite para participar da solenidade.
Segundo correspondência que teria sido enviada ao ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) pela diretoria da entidade, a Contag não concorda com a substituição do mecanismo de desapropriação proposto pelo programa.
O presidente valorizou o "Cédula da Terra" afirmando que o custo dos assentamentos cairá de R$ 25 mil por família em média para R$ 10 mil, com a mudança nos procedimentos. Ele voltou a criticar o que já havia chamado de clientelismo no campo.
"Não adianta dar acesso à terra para criar uma clientela rural do Estado. E devemos dizer, com toda a sinceridade, que o que foi feito no Brasil, em nome da reforma agrária, foi ampliar a quantidade de pessoas que dependem do governo federal, sem resolver, portanto, a vida dessas pessoas e agravando a situação de caixa do governo federal."
FHC completou com uma frase que lembrou a cobrança que tem feito ao Congresso pela aprovação da reforma administrativa: "Nós não podemos imaginar que este país vai ser o país de funcionários públicos no campo. Não tem sentido. Nós temos de ser um país de produtores rurais".
Como fizera na véspera, ontem também FHC lembrou suas realizações na Presidência e classificou as manifestações da oposição como gritaria.
"(...) A despeito das gritarias que se possam fazer, nunca na História se terá assentado tantas famílias no campo como no meu governo", afirmou.
O presidente disse que com o projeto será possível assentar 15 mil famílias a mais do que as 280 mil que o governo prometeu assentar até o final do mandato, no ano que vem.

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