São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997 |
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Grupo de possíveis jurados de Rainha inclui ruralista e petista
FERNANDA DA ESCÓSSIA
O grupo inclui uma professora petista. Os escolhidos são veteranos em tribunais populares. Os sete jurados finais só serão sorteados no dia do julgamento. O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo) foi condenado a 26 anos e seis meses de prisão como co-autor da morte do fazendeiro José Machado Neto e do soldado PM Sérgio Narciso da Silva, em junho de 89. Como a pena ultrapassou 20 anos, Rainha terá direito a novo julgamento. A defesa tenta transferir o júri para Vitória (ES), alegando que a sentença teve motivação política. Reportagem realizada pela Folha mostrou ligações entre os jurados do primeiro júri e proprietários rurais locais. Impugnação Segundo o juiz Sebastião Mattos Mozine, podem ser impugnados, se uma das partes solicitar, outros dois jurados que seriam parentes de uma jurada que participou do primeiro tribunal. O outro fazendeiro sorteado, Ulisses de Souza Freitas, é pecuarista e irmão do vice-prefeito Hélio de Freitas, presidente do Sindicato de Proprietários Rurais. A mulher de Freitas foi jurada no primeiro julgamento. "Acho que o meu irmão tem perfeitas condições de julgar o caso. O fato de eu presidir o sindicato não significa que sejamos contra ou a favor do movimento dos sem-terra. Eu mesmo me considero insuspeito para julgar o caso", afirmou Hélio de Freitas. O vice-prefeito também está entre os jurados da comarca, mas não foi sorteado. Ulisses Freitas foi procurado pela Folha, mas não foi encontrado em sua casa. Petista A presidente do PT local, a professora Nelci Linhares Fonseca, também foi sorteada ontem. Procurada pela Folha, Nelci disse que obedeceria à recomendação do juiz de não conceder entrevistas. O PT tem dado apoio às ações do movimento dos sem-terra. Os nomes foram sorteados da lista dos 108 jurados da comarca. Gelcivan Dias Rocha, 13, morador de um assentamento do MST na região, fez o sorteio. Os advogados de Rainha não compareceram. O juiz Sebastião Mattos Mozine fez uma reunião de advertência com todos os jurados, indagou quem tinha relações de parentesco ou amizade com as vítimas e proibiu os sorteados de dar declarações sobre o caso. "Às vezes, o peso de uma injustiça é difícil de carregar", afirmou Mozine. Texto Anterior: FHC muda forma de desapropriação Próximo Texto: Juiz vê motivo para anulação Índice |
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