São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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Nova onda especulativa já atinge rupia da Indonésia

Moeda registrou seu nível mais baixo em relação ao dólar

GILSON SCHWARTZ
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A rupia da Indonésia é a nova vítima da roleta-russa cambial que afeta o Sudeste Asiático. A moeda desvalorizou-se ontem, caindo ao seu mais baixo nível em relação ao dólar norte-americano.
O Banco Central da Indonésia não teve alternativa, depois de injetar US$ 500 milhões no mercado para tentar defender sua moeda, que rompia o piso da banda cambial. A primeira tentativa de apoio ao regime cambial, elevando as taxas de juros, foi inútil.
A rodada de ataques especulativos começou há cerca de 40 dias na região, protagonizada por fundos de investimento que operam com mercados emergentes. No período, o baht tailandês já perdeu 25% e o governo acaba de assinar uma carta de intenções com o Fundo Monetário Internacional.
O peso filipino também já foi atingido. Depois vieram o ringgit da Malásia, o dólar de Cingapura e, agora, a rupia da Indonésia.
Aparentemente, os fundos de investimento estão fazendo um teste para descobrir quais as novas paridades cambiais da região em relação ao dólar. Mas há também quem afirme que, iniciada a onda de ataques, a demanda local por dólares também disparou. Ou seja, os empresários locais, diante da ameaça externa, acabam fugindo das próprias moedas.
O processo está criando também uma clara diferenciação entre os novos "tigres", cujas moedas estão sendo desvalorizadas, e o chamado espaço econômico chinês (sobretudo China e Hong Kong).
No curto prazo, sem dúvida é um bom sinal que os chineses consigam defender suas moedas contra ataques especulativos. Mas numa perspectiva de longo prazo, a situação pode se complicar. Afinal, todos na região travam uma guerra por competitividade.
Passado o furacão cambial, os chineses estarão menos competitivos, ao menos do ponto de vista cambial. Se os investimentos migrarem para os "tigres" e as exportações chinesas caírem, ficará difícil acreditar na capacidade de Pequim de segurar o yuan.
Nos últimos meses, as queixas de empresários com operações na China aumentaram de tom. Os EUA estão mais duros, dificultando a entrada do país na OMC.
Nada impede que, daqui a algum tempo, afinal se descubra que o milagre chinês, como o milagre japonês e o do Sudeste Asiático, também tem pés de barro. Há algumas semanas, acusaram o megainvestidor George Soros de ter causado a crise tailandesa.
Agora, é evidente que não se trata de crise passageira ou isolada, provocada por um indivíduo. Toda a região está em crise. O processo também ajuda a entender os limites de ação e coordenação dos bancos centrais de países em desenvolvimento.

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