São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997 |
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Murilo Mendes foi amigo de Szenes e Silva
AUGUSTO MASSI
A exposição "Retratos", que explora com delicadeza a relação afetiva e pictórica do casal Arpad Szenes e Vieira da Silva, poderia se enriquecer, caso fosse acrescida da série de retratos que ambos realizaram de Murilo Mendes e Maria da Saudade Cortesão Mendes. O registro dessa amizade está na coleção particular de Murilo, em Juiz de Fora, que abriga uma série bastante significativa de trabalhos, em diferentes técnicas, por meio dos quais Arpad e Vieira se debruçam sobre o casal amigo. Trata-se de um diálogo raro, construído à base de espelhamentos e reverberações. Os casais permaneceram ligados graças aos profundos vínculos que os reuniram desde a primeira vez: as raízes lusitanas, o exílio político e os interesses artísticos. É preciso destacar a colaboração entre Murilo e Vieira, que, convidada pelo poeta brasileiro, projetou a capa de três de seus livros: "As metamorfoses" (1944), "Mundo Enigma" (1945) e "Discípulo de Emaús" (1945). Retribuição O poeta brasileiro retribuiu com três textos: "Maria Helena Vieira da Silva", incluído em "As metamorfoses"; "Vieira da Silva", que consta de "Retratos Relâmpagos", 1ª série (1973); e, o mais misterioso deles,"Harpa- Sofá", publicado em "Mundo Enigma". Inspirado num guache de Vieira da Silva que hoje pertence à coleção de Gilberto Chateaubriand, o poema multiplica seus mistérios e desafia qualquer interpretação. "Harpa-sofá" sintetiza de forma emblemática a sua concepção poética de Murilo: "A existência do enigma tende a aumentar o campo da realidade". A pintura poética de Vieira da Silva e a poesia pictórica de Murilo sinalizam para um matrimônio entre o visível e o invisível. Texto Anterior: Obsessão de casal preenche museu Próximo Texto: Camargo reaparece em escala reduzida Índice |
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