São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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Fiscalização de granja; Prefeitura paulistana; Morte de pataxó; Fundos de pensão; A voz das saunas; A donzela e os vilões; Rodízio de carros; Cultos religiosos

Fiscalização de granja
"Toda São Paulo sabe que o governador Mário Covas é preguiçoso e indeciso. Agora, sabe também que ele é um mentiroso. Na edição da Folha da última terça, 12 de agosto, o governador disse que a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo fiscalizou a granja Obelisco 'porque os jornais publicaram a cópia de notas fiscais da granja com o mesmo número, o que representa uma fraude fiscal prevista em lei'.
Isso não é verdade, já que aquilo que os jornais publicaram no dia 29 de julho deste ano não é nota fiscal da Obelisco, como qualquer pessoa poderá verificar lendo os jornais daquela data.
Mário Covas mandou seus fiscais à Obelisco, sem mandado judicial, manteve o caseiro que ali estava em cárcere privado (os empregados da empresa estavam em férias coletivas) e surrupiou documentos da Obelisco, ao arrepio da lei."
Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo (São Paulo, SP)

Prefeitura paulistana
"Depois de cinco anos de irregularidades e descalabros, finalmente Maluf e sua criação, Celso Pitta, ocuparão o espaço que merecem nos jornais: as páginas policiais. Vereadores da maioria e TCM: envergonhem-se."
Decio Amadio (São Paulo, SP)

Morte de pataxó
"Mais um execrável episódio da Justiça VIP e da impunidade no Brasil. Como era de esperar, tratando-se de quatro delinquentes brancos e da elite, a juíza Sandra De Santis Mello decidiu não ter havido intenção no assassinato a fogo do índio Galdino dos Santos.
Se os réus fossem negros e pobres, teria sido homicídio doloso e eles iriam para o Tribunal do Júri. Essa decisão é inaceitável e deve ser revista pelo Tribunal de Justiça de Brasília, como solicita justamente a promotoria."
Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)
*
"O manobrista Tadeu, atacado pela polícia, não sabia que os bandidos 'eram' nós. A juíza Sandra Mello sabe e não tem a menor dúvida: já desqualificou o crime hediondo praticado contra o pataxó Galdino.
Para ela, o que os riquinhos exterminadores de Brasília fizeram não é suficiente para provar que são bandidos e que tinham a intenção de matar. Quem sabe pretendiam 'apenas' promover uma limpeza étnica?"
Edna Roland, presidente da Fala Preta Organização de Mulheres Negras (São Paulo, SP)

Fundos de pensão
"Sobre a reportagem 'R$ 63 bi circulam sem controle no país' (Folha, 6/7): a reportagem começa com uma confusão despropositada, a de achar que os fundos dos empregados das estatais são instituições públicas. São entidades de direito civil privado.
Entre as muitas 'meias verdades' está a incrível tentativa de apresentar como instituições diferentes dos fundos de pensão dos empregados das estatais aqueles dos empregados em empresas privadas.
Inverdade também é achar que os fundos não passam por rigorosas fiscalizações, anualmente realizadas pelo Ministério da Previdência, por auditorias e pelos próprios participantes.
Meia verdade também a tentativa de apresentar como lobby o trabalho técnico apresentado pelo Sindapp aos senadores.
A reportagem não se contenta em atacar apenas os fundos de pensão. Inexplicavelmente, agride o professor Rio Nogueira, glória da atuária brasileira, que é, ainda hoje, o mais importante e conhecido atuário do país."
Paulo Teixeira Brandão, presidente do Sindapp -Sindicato Nacional das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta dos jornalistas Frederico Vasconcelos e Marcio Aith - 1) Não há confusão. O que distingue os fundos é a origem dos recursos dos patrocinadores. No caso das estatais, trata-se de dinheiro público. 2) A fiscalização é omissa e ineficaz. 3) O Sindapp faz lobby, o que é legítimo. 4) O trabalho do professor Rio Nogueira tem sido criticado, mas ele pôde se defender na reportagem que o missivista ataca.

A voz das saunas
"A Folha fez destaque das palavras do presidente da República, chamando quem critica o governo de 'vozes das cavernas'. Nosso povo está entendendo que o moderno, inteligente, gracioso, nobre e rico presidente ouve somente as vozes das saunas."
Luiz Greco (São Paulo, SP)

A donzela e os vilões
"No meio da tempestade e da promiscuidade da política partidária e governamental, o PFL sempre surge como a 'donzela' ultrajada e enganada pelos vilões. Então, quem serão as prostitutas do bacanal instaurado pelos governantes, ao qual o povo assiste pela mídia?"
Troy de Carvalho Weiss, seguem-se mais três assinaturas (Peruíbe, SP)

Rodízio de carros
"Por favor, parem com esse discurso falacioso de que a 'adesão' ao rodízio de carros é grande. O rodízio foi imposto a nós, e quem não 'aderir' está sujeito a pesada multa. Portanto, a 'adesão' é simplesmente forçada e autoritária.
Além do que, acabando o rodízio, nenhuma medida mitigatória será tomada até o ano que vem, quando seremos forçados a 'aderir goela abaixo' ao próximo marketing do secretário -digo, o próximo rodízio...
É impressionante a organização de São Paulo: é a única cidade do mundo que tem problemas ambientais com data marcada!"
Silas Vieira (São Paulo, SP)

Cultos religiosos
"Aproveito esse espaço democrático para manifestar minha total indignação contra um projeto que tramita na Câmara, proibindo a manifestação total e irrestrita dos cultos e de suas liturgias -que têm, como se sabe, liberdade reconhecida pela Carta Magna.
Foi com grande pasmo e revolta que tomei conhecimento dessa lei, que em si mesma não traz nenhum benefício. De maneira preconceituosa, ela trata os cultos evangélicos como se fossem culpados de todo o barulho que nos incomoda nas grandes cidades.
Está mais do que na hora de nossos parlamentares tratarem daquilo que realmente interessa -ou seja, educação, segurança, reforma agrária, fim desta absurda desigualdade social da qual todos nós somos testemunhas.
Conclamo todos os evangélicos desta nação a unir-se contra essa patuscada, mais uma entre tantas praticadas contra um direito líquido e certo e contra uma religião em particular."
André Gonçalves, pastor (Arujá, SP)

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