São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Fazendeiros fazem ato hoje no RS

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Pelo menos mil produtores rurais são esperados hoje em Santa Maria (RS) em um ato em "defesa da propriedade e da segurança individual", convocado pela Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul).
O presidente da entidade, Carlos Rivaci Sperotto, disse que a Farsul está mobilizada na defesa dos princípios constitucionais. Segundo ele, os conflitos fundiários estão ocorrendo "numa escala de crescente violência".
Sperotto, em nota publicada pela Farsul em jornais gaúchos, disse que "é preciso dar um basta a este clima de insegurança", o que só seria possível, segundo ele, "com a atuação vigilante do poder público, na aplicação da lei e manutenção da ordem".
O líder ruralista disse que o país "já consolidou uma história democrática alicerçada no respeito ao direito à propriedade", que os fazendeiros irão "defender".
Os produtores irão analisar na concentração de hoje, no CTG (Centro de Tradições Gaúchas) Estância do Minuano, as "últimas decisões judiciais que eternizam os invasores de propriedades rurais dentro das mesmas, causando prejuízos ao patrimônio particular, ao meio ambiente e ao poder público, que necessita alocar integrantes da Brigada Militar para garantir as desocupações".
O frei Sérgio Gorjen, da Pastoral da Terra da Igreja Católica, que apóia "irrestritamente" os sem-terra no Estado, disse ontem que os fazendeiros gaúchos vão se reunir em Santa Maria para "defender a improdutividade".
Segundo ele, os proprietários de áreas produtivas não têm motivo para se preocupar, pois a Constituição impede a desapropriação de áreas cultivadas.
Quem não está produzindo, segundo Gorjen, planeja formar milícias para "defender a improdutividade". Disse que os sem-terra vêem o encontro de Santa Maria com "tranquilidade e serenidade". O frei atua junto a acampamentos de sem-terra e assentamentos e é figura presente nas ações do MST no Estado.
Assentamentos
O Incra-RS (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) espera assentar cerca de 550 famílias de sem-terra até setembro próximo. A meta até o final do ano é de assentar 1.500 famílias.
Com uma decisão do TRF da 4ª região (Tribunal Regional Federal), tomada anteontem, o Incra tomou posse das fazendas Jaguarão, Madrugada e do Fundo, na região sudoeste do Estado, e iniciou o assentamento de 246 famílias.
Os donos das fazendas tentaram, sem sucesso, anular o mandado que havia transferido a posse das terras ao Incra, expedido pela Justiça de Bagé.

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