São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Funcionária assume reajuste de salário de R$ 150 para R$ 3 mil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma funcionária da Maternidade Santa Rita, de propriedade do deputado Alceste Almeida, confirmou por telefone que Antônia Marta Sobrinho trabalha na clínica, pela manhã, como auxiliar de enfermagem.
Em outro telefonema, o repórter da Folha se apresentou como sendo um funcionário do Departamento de Pessoal da Câmara. Antônia Marta afirmou que recebe salário pela Câmara e que não tem salário na maternidade.
Antônia Marta confirmou que teve um aumento de R$ 150 para R$ 3.000 em março. A seguir, a conversa, por telefone, entre a reportagem e a maternidade:
*
Folha - De onde fala?
Funcionária -Maternidade Santa Rita.
Folha - Não é da residência do deputado Alceste?
Funcionária -É da clínica dele.
Folha - A dona Antônia Marta trabalha aí?
Funcionária -Trabalha. Mas não se encontra agora à tarde, só de manhã.
Folha - O que ela faz aí?
Funcionária -Ela é auxiliar de enfermagem. (...)
No segundo telefonema, a Folha fala com Lucimar:
Pergunta - Dona Lucimar, aqui é Zé Roberto, do Departamento Pessoal da Câmara. A dona Antônia Marta está?
Lucimar -Não. Eu posso chamá-la. Ela trabalhou pela manhã. (...)
A diretora vai chamar Antônia em casa. Trinta minutos depois, a Folha telefona pela terceira vez.
Pergunta - Dona Marta, estão faltando uns dados da senhora. A senhora pode me fornecer?
Antônia -Quais?
Pergunta - O número da carteira de identidade.
Antônia -168.462, SSP-Roraima.
Pergunta - A senhora está recebendo vale transporte e tíquete alimentação?
Antônia -(Ela pergunta a outra pessoa, afastada do telefone) Eu estou recebendo vale-transporte e tíquete-alimentação? (Depois, responde). Sim.
Pergunta - Qual o valor dos dois?
Antônia -(Pergunta a outra pessoa) Qual o valor dos dois? (Depois, responde) É R$ 217.
Pergunta - Mas isso é da Câmara?
Antônia -(Pergunta a outra pessoa) É da Câmara? (Depois, responde). É. (Volta a comentar com outra pessoa, rindo) Eu não sei nada.
Pergunta - O seu salário está registrado como R$ 3.000. É isso mesmo?
Antônia -Sim.
Pergunta - Eu achei estranho o seguinte: o seu salário até 1º de março era R$ 150. Aí, teve um aumento para R$ 3.000. É isso?
Antônia -Sim.
Pergunta - Desse dinheiro, a senhora repassa algo para o deputado?
Antônia -Aguarde um momento. (Faz perguntas a outra pessoa) Ele está perguntando se eu repasso para o deputado. (Depois, responde) Esse dinheiro é da minha conta, eu recebo.
Pergunta - O seu salário na clínica é de quanto?
Antônia -Esse salário é um serviço que eu faço para o deputado, serviço da clínica, serviço de rua.
Pergunta - A senhora é assessora dele aí no Estado?
Antônia -Sim.
Pergunta - E na clínica, a senhora ganha quanto?
Antônia -Olha, ele é incluído.
Lucimar - (A diretora da clínica fala para Antônia afastada do telefone) Da clínica você não recebe.
Antônia -É um salário. Foi feito um salário só. Eu recebo esse dinheiro.
Pergunta - A senhora só recebe pela Câmara?
Antônia -Isso.
Pergunta - Não tem outro salário pela clínica?
Antônia -Não.

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