São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Bancário ameaça não votar em Vicentinho

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A chance de que a crise na CUT acabe em pizza voltou a ficar mais distante ontem.
O clima voltou a ficar tenso no 6º congresso da central, com a possibilidade de os bancários não votarem na chapa encabeçada pelo atual presidente, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
As soluções que vinham sendo negociadas para pôr fim à crise -a vice-presidência para o bancário João Vaccari Neto e a criação de um pacto de gestão que limite o poder do presidente- encontram resistência na Articulação, tendência majoritária na CUT.
Vicentinho, por exemplo, negou que a Articulação esteja preparando um pacto de gestão.
"O pacto de gestão é papo-furado. A palavra me faz lembrar o diabo, que abre mão de princípios para cumprir pactos. A CUT tem compromisso com os trabalhadores e não com o interesse de corporações", disse.
Vicentinho também negou a negociação de cargos para a nova diretoria. "Não existe conchavo; tudo será decidido na plenária da Articulação", afirmou.
Ontem, em uma plenária dos trabalhadores rurais, Vicentinho reafirmou seu apoio à manutenção de Altemir Tortelli, do setor rural, na vice-presidência da CUT. "O Tortelli é uma figura extraordinária e de alta dignidade."
O presidente da CUT disse acreditar que os bancários manterão sua posição de não participar da chapa da Articulação.
"Os bancários afirmaram que essa era uma decisão irreversível e tenho certeza que eles não estão blefando", afirmou.
Vicentinho considera que as críticas que os bancários fazem à sua administração podem transformar a CUT em gueto. "Já aprendi que ética e confiança é que podem construir o caminho da central."
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini, disse que os bancários não impuseram a negociação de cargos para fechar um acordo, apesar de defenderem a renovação de 30% na diretoria.
Berzoini afirmou, no entanto, que o acordo ficará difícil caso a Articulação não se disponha a refletir seus problemas.
"Nós não estamos usando o nome de pacto de gestão, mas queremos premissas para uma gestão mais democrática na CUT."
Caso as negociações não avancem, a tendência é que os bancários da Articulação liberem seus 130 delegados para votar em quem quiserem.

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