São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997 |
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'Bacantes' celebra aniversário do Oficina
DANIELA ROCHA
O espetáculo foi escolhido para a celebração por ser um símbolo do Oficina. Idealizada, traduzida e ensaiada em 87, a peça só entrou em cartaz no final de 95. A resistência e a disposição para executar o projeto ilustra o ideal de seu núcleo de atores e, em especial, de seu diretor, José Celso Martinez Corrêa. Quem propôs mobilizar as 35 pessoas do elenco para uma única apresentação foi Alleyona Cavalli, atriz que interpreta a mãe de Dionysios, Semelle. Diz ela: "Chamamos TebasSãoPaulo para celebrar com As Bacantes o rito de Dionysios em honra à Mãe Terra, dia 16 de agosto, às 21h. São os 36 anos do Teatro Oficina no eterno cultivo da magia do teatro. Para que a chama sagrada da transformação aqueça os corações da cidade Com-Creta, semeando alegria e jorrando liberdade!". Liberdade para desenvolver seu trabalho é o que clama o diretor do teatro, Zé Celso. "Sofremos uma punição social injusta. Não temos condições de exercer o que queremos porque não existe investimento cultural", afirma ele. Sem patrocínio, o Teatro Oficina vive um momento de solidão, nas palavras de seu diretor. "Muitos atores do grupo estão fazendo espetáculos em escolas para sobreviver. E nossos projetos grandes, como a montagem de 'Cacilda', de 'Os Sertões', de Euclides da Cunha, e de 'Ela', de Jean Genet, estão paralisados. A apresentação de 'Bacantes' objetiva chamar a atenção para o nosso rito, para a nossa necessidade de expandir", diz Zé Celso. Um dos motivos para o isolamento, segundo ele, é que o Oficina aborda os tabus em seus espetáculos. "Somos pessoas vivendo, revivendo e repensando o mundo. Oficina é isso. A prática de teatro e vida. É o lugar em que os tabus são tocados com liberdade." Zé Celso quer agora chamar atenção para o que acontece no Brasil. "Vivemos uma ameaça de guerra civil dos sem terra, dos sem teto, dos sem nada. Nós somos enquadrados como os sem patrocínio, mas não vamos lamentar a exclusão. Temos de ser o ponto de origem de um trabalho novo." Peça: As Bacantes Autor: Eurípides Direção: José Celso Martinez Corrêa Elenco: Marcelo Drummond, Pascoal da Conceição, Zé Celso e outros Quando: hoje, às 21h (duração de 4h15) Onde: Teatro Oficina (r. Jaceguai, 520, Bela Vista, tel. 011/606-2818) Quanto: R$ 20 Texto Anterior: Cidade natal tem varal de poesias Próximo Texto: Nova revista de quadrinhos marca estréia da Manias Índice |
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