São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Índia pede revolta contra corrupção

País comemora 50 anos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro da Índia, Inder Kumar Gujral, pediu ontem, no discurso proferido em meio às celebrações dos 50 anos de independência do país, uma "revolta popular" contra a corrupção.
"Devemos construir um movimento do qual todos possam participar. A corrupção na política, entre os políticos e na vida pública deve acabar", afirmou o premiê na rampa do Forte Vermelho, na capital indiana, Nova Déli.
Gujral quer contra a corrupção um movimento de desobediência civil similar àquele que foi liderado por Mahatma Gandhi e que pôs fim ao domínio britânico em 15 de agosto de 1947.
O apelo já havia sido feito pelo presidente K. R. Narayanan. "Um amplo movimento é necessário para limpar o sistema", disse ele em uma sessão do Parlamento iniciada na madrugada de ontem.
"A corrupção está corroendo a vitalidade da Índia", afirmou Narayanan, o primeiro hindu de uma casta inferior a assumir a Presidência do país.
"Com o passar dos anos, o sonho se tornou pesadelo. O idealismo foi substituído pelo cinismo. A luta pelo poder cegou os políticos", disse o "The Times of India" em seu editorial.
Entre os escândalos, Laloo Prasad Yadav, ex-líder do partido Janata Dal, ao qual pertence o premiê Gujral, está sendo processado em caso de corrupção que envolve US$ 280 milhões.
Narasimha Rao, ex-premiê, foi acusado formalmente duas vezes por corrupção. Ele pertence ao Partido do Congresso, que governou a Índia durante a maior parte de sua vida independente.
Violência separatista
Ao lado da corrupção, o terrorismo separatista é um grave problema enfrentado pelo Estado indiano, que abriga 1.652 línguas e mais de 20 mil dialetos.
No aniversário da independência, seis pessoas morreram no nordeste do país em diversos incidentes protagonizados por separatistas.
Anteontem, a explosão de uma bomba em um trem que viajava pela região matou sete pessoas e deixou outras oito feridas.
No Estado de Jammu e Caxemira (o único de maioria muçulmana), os separatistas impuseram uma greve para protestar contra a soberania indiana. Em diversas importantes cidades do Estado, os separatistas impuseram toque de recolher.
Em uma alusão ao separatismo na Caxemira, o premiê Gujral disse em seu discurso de ontem que a "soberania não é negociável".
Nawaz Sharif, premiê do vizinho e rival Paquistão, pedira em meio às celebrações dos 50 anos de independência de seu país, realizadas anteontem, a retirada das tropas da "ocupada Caxemira".
O Paquistão, que junto com a Índia formava uma única colônia britânica, é como a Caxemira uma região islâmica. A Índia acusa o Paquistão de incentivar o separatismo caxemir.

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