São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Paz com Netanyahu é inviável, diz Síria

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma delegação de árabes de cidadania israelense, que retornou ontem da Síria, disse que o presidente deste país, Hafez al Assad, deseja a paz com Israel.
Políticos da oposição ao primeiro-ministro Binyamin Netanyahu que fizeram parte da delegação, porém, disseram que o país árabe via poucas chances de atingir acordo com o atual governo de Israel.
"A mensagem das lideranças sírias é que o presidente Assad deseja uma paz real. Mas ele disse claramente que 'com Netanyahu será difícil chegar à paz'", afirmou o deputado Saleh Tarif.
As negociações de paz entre a Síria e Israel estão suspensas desde que o atual premiê israelense assumiu o poder, em 1996. Netanyahu não admite negociar a devolução das colinas do Golã, território sírio ocupado por Israel em 1967. A Síria quer trocar a paz pelas colinas.
David Bar-Illan, porta-voz de Netanyahu, respondeu às críticas dizendo que o presidente Assad tem de aprender a negociar com o atual governo. "Se não negociarem conosco, não vão negociar com ninguém", afirmou.
A delegação, com 44 árabes israelenses, permaneceu uma semana em Damasco, a capital síria, a convite do presidente Assad.
As relações entre os países árabes e Israel se deterioraram após a eleição de Netanyahu, o candidato apoiado por coalizão de partidos de direita que derrotou o concorrente do Partido Trabalhista.
Com os palestinos, as negociações de paz estão completamente suspensas desde a explosão de duas bombas em Jerusalém, em 30 de julho -16 pessoas morreram.
Ontem, o governo israelense admitiu que as sanções tomadas contra os territórios autônomos palestinos após o atentado foram criticadas pelos EUA, país visto pelos árabes como um parceiro dos israelenses nas questões que envolvem o Oriente Médio.
Netanyahu ordenou o fechamento dos territórios administrados pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) e congelou a remessa de dinheiro para a entidade.
Anteontem, Israel anunciou o relaxamento do bloqueio, mas as verbas da ANP continuam retidas.
Segundo David Naveh, assessor de Netanyahu, os norte-americanos discordam da medida. "Os EUA vêem a questão de modo diferente", se limitou a dizer.
Iasser Arafat, presidente da ANP, acusa Israel de impor uma injusta "punição coletiva" aos palestinos. Netanyahu rebate dizendo que Arafat não combate o terrorismo como devia.
Pesquisa divulgada ontem mostra que a maioria dos israelenses, 57%, apóiam as medidas adotadas pelo governo após o atentado.

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