São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Deputado tem flat, mas recebe auxílio

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Carlos Apolinário (PMDB-SP), relator da lei eleitoral, afirmou ontem que recebe R$ 2.250 da Câmara dos Deputados, a título de auxílio-moradia, embora more em um apart-hotel de sua propriedade. Apolinário comprou o imóvel no início da atual legislatura por R$ 80 mil.
"Comprei o flat com o meu dinheiro", afirmou. Segundo ele, o auxílio da Câmara é usado para cobrir as despesas de condomínio, alimentação e higiene.
"Eu pago R$ 650 de condomínio. Com o resto, eu mando lavar roupa, como, bebo e durmo", disse. "O dinheiro é meu e eu faço o que quiser com ele. Posso até distribuí-lo na porta da igreja para os pobres", completou.
Apolinário comparou o seu procedimento com o adotado por outros parlamentares.
'Despesa de casa'
"Outros deputados fazem o mesmo. Eles se reúnem em grupos de dois ou três, um pega o apartamento da Câmara, e os outros o auxílio-moradia. Com o dinheiro do auxílio, eles pagam a despesa de casa", afirmou. "Isso é honesto?", questionou.
Para o deputado, se há algo errado, não é a sua atitude, mas o sistema adotado pela Câmara. "O que eu faço não é errado. Tem que meter o pau no sistema todo."
Pelo sistema adotado pela Câmara, os deputados podem morar num apartamento funcional, receber o ressarcimento do aluguel até R$ 3.000, comprovado em recibo, ou R$ 2.250 de auxílio-moradia.
"Eu poderia ter comprado um apartamento em São Paulo, ter alugado esse apartamento e pedido para a Câmara pagar o meu aluguel em Brasília. Aí ficaria honesto, não é?".

Texto Anterior: Deputado terá de provar pagamentos
Próximo Texto: ACM critica aumento de verba
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.