São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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PT do Maranhão desobedece cúpula

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O pequeno PT maranhense decidiu desobedecer a direção nacional do partido e realizou, no último fim-de-semana, convenção estadual desautorizada pela cúpula.
Os sete delegados eleitos prometem votar, na convenção nacional, no deputado federal fluminense Milton Temer, candidato da "esquerda" petista à presidência do partido, contra José Dirceu.
O grupo de Dirceu e Luiz Inácio Lula da Silva não reconhece a convenção como legal e disse ontem que vai impugnar os sete delegados da "esquerda".
A disputa entre Temer e Dirceu está equilibrada, com leve favoritismo para Dirceu. Os votos maranhenses podem, se validados, tornar a corrida mais dramática.
Na última reunião do Diretório Nacional do PT, controlado pela ala de Lula e Dirceu, adiou-se a convenção do Maranhão para depois do confronto entre Dirceu e Temer, marcado para o final deste mês no Rio. Com isso, o diretório daquele Estado não teria direito a voto para a presidência da legenda.
A alegação é que teriam ocorrido várias irregularidades em convenções municipais, como, por exemplo, diretórios que não teriam cumprido a obrigação estatutária de contribuir financeiramente com instâncias superiores, convenções não realizadas num único dia etc.
"A direção nacional suspendeu o nosso encontro com base em argumentos infundados e vamos recorrer ao plenário da convenção nacional para assegurar nossa participação", afirmou ontem o deputado estadual maranhense Luiz Vila Nova, eleito presidente do diretório estadual do PT no encontro que não é reconhecido pela direção nacional do partido.
Vila Nova acrescentou que 16 municípios do Maranhão não puderam participar da convenção, por causa das irregularidades apontadas pela cúpula nacional. "Corrigimos os erros e vamos mostrar que tudo foi feito dentro do nosso estatuto", declarou o deputado.
Vera Gomes, secretária de Comunicação do PT nacional e aliada de Dirceu, afirmou que a convenção no Maranhão caracterizou um "desacato" a uma resolução de instância superior, o Diretório Nacional.
"É um episódio grave. Pela primeira vez um diretório estadual feriu a democracia interna do partido", disse.
Para a dirigente, Vila Nova tem uma atitude incompatível com a tradição da legenda. "O Vila Nova tem uma postura coronelística e não o reconhecemos como presidente do diretório do Maranhão", afirmou.

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