São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Promotoria e polícia investigam conexão

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público e a Polícia Civil de São Paulo vão ouvir os envolvidos na conexão uruguaia do Frangogate, revelada anteontem pela Folha.
Suspeitam da origem do dinheiro que foi investido na A D'Oro -que já estava sendo investigada pela venda de frango à Prefeitura de São Paulo.
"Vou chamar André de Vivo e Oscar Martin Renaux Niemeyer para depor", afirmou o promotor Alexandre de Moraes.
Ele se refere aos dois advogados brasileiros ligados à família Lutfalla, dona da A D'Oro, e à Rineos -empresa uruguaia que detém 46% das ações da A D'Oro por meio de sua subsidiária brasileira.
Há uma série de dúvidas sobre a origem dos US$ 7 milhões que a Rineos uruguaia pôs na A D'Oro entre 1991 e 1996. Ninguém sabe dizer, por exemplo, de quem era o dinheiro (veja quadro ao lado).
Moraes irá ouvir a mulher do ex-prefeito Paulo Maluf, Sylvia, nesta semana. Ela é irmã de Fuad Lutfalla, dono da A D'Oro, e tia de Caio Lutfalla -diretor da empresa e também da subsidiária brasileira da Rineos.
Além disso, Sylvia é sócia de sua filha Ligia na Obelisco Agropecuária, empresa que vendeu frango vivo para abate à A D'Oro.
E o fez inclusive na época em que a A D'Oro fornecia coxas e sobrecoxas para a prefeitura entre agosto de 1996 e fevereiro de 1997 (gestões Paulo Maluf e Celso Pitta).
Para o delegado que preside o inquérito criminal sobre a venda de frangos, Francisco Missaci, é imprescindível falar com André de Vivo e Oscar Niemeyer.
"Eles têm que explicar exatamente quem são os sócios da Rineos no Uruguai", afirmou.
André de Vivo e Caio Lutfalla foram procurados ontem pela Folha, mas não deram entrevistas. Oscar Niemeyer não foi localizado.
Câmara de SP
O vereador paulistano Carlos Neder (PT), que investiga o Frangogate, registrou ontem boletim de ocorrência e processo administrativo contra o funcionário da Câmara Evandro Mendes da Silva.
"Ele foi pego distribuindo panfletos me difamando. Ele trabalha para o vereador José Izar (PPB). Estou indignado com esse tipo de pressão", disse Neder.
No gabinete de Izar, o assessor William Izar afirmou desconhecer o caso. Silva não foi encontrado.
Os panfletos falavam de um concurso para médico da prefeitura que Neder participou, em 1991, quando era secretário municipal da Saúde. "Tive autorização da Fundação Carlos Chagas para concorrer. Não houve nada errado."

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