São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997 |
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'Não vai haver rebaixamento'
WILSON SILVEIRA
Ele se baseia em estudo do professor Carlos Eduardo Tucci, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que estudou o Pantanal durante dez anos. Segundo Tucci, são despejadas 300 toneladas por ano de sedimentos no Pantanal, no período de enchente. Desse total, 40 toneladas são levadas pelas águas -o restante fica e vai se acumulando no fundo dos rios. O objetivo da dragagem, disse, é retirar esses sedimentos, o que não implica o rebaixamento da cota do rio Paraguai. Ele afirma que a dragagem será restrita a alguns trechos da hidrovia, o que reduz o risco tanto de rebaixamento da cota quanto de contaminação causada pela ressuspensão de produtos químicos. Alex disse que as críticas dos especialistas já eram conhecidas dos responsáveis pela hidrovia e que não são motivo de preocupação, porque "não têm fundamento". "Essa hidrovia sempre existiu e é conhecida praticamente desde o descobrimento do Brasil. O que estamos fazendo são intervenções 'cirúrgicas' em pontos críticos para permitir a navegação com segurança durante 24 horas por dia." Um dos problemas da análise independente, afirmou, é pressupor que haverá intervenção na maior parte da hidrovia. "O problema está no trecho Cáceres-Corumbá, cuja extensão é de 680 km. Depois de Corumbá, o rio é plenamente navegável, com capacidade de transporte de comboios de até 40 mil toneladas. Entre Cáceres e Corumbá, a capacidade máxima é de 8.000 toneladas e vai continuar assim." Hoje, afirmou, está sendo colocada sinalização na margem do rio Paraguai, entre Cáceres e Corumbá. Ainda neste ano deve ser feito o levantamento topográfico do fundo do rio Paraguai, que vai dar origem a uma carta de navegação. Alex disse que não tem cabimento a afirmação de que o projeto não beneficia a população da região. Segundo ele, o pleno funcionamento da hidrovia deverá reduzir cerca de 50% o frete de produtos agrícolas. Como são os produtores que pagam o frete, essa sobra se torna um ganho que pode ser reinvestido na produção -ou seja, um benefício social direto. Com o argumento, ele disse que nem era preciso entrar no mérito da alegada superestimativa de safras e do preço do minério de ferro. Transporte Ele disse que a hidrovia servirá de meio de transporte de arroz, soja, milho e trigo (este importado da Argentina, que hoje faz um longo "passeio" até o destino). Segundo ele, a "redescoberta" dessa hidrovia mais do que quintuplicou o embarque de grãos em Cáceres. Em 95, o embarque foi de 14 mil toneladas. No primeiro semestre de 97, foi de 70 mil toneladas, com o barateamento do frete. Sobre a concorrência com outras hidrovias e outros meios de transporte, Alex disse que a Panará-Paraguai já é consagrada. Assim, sua melhoria terá reflexo imediato, com a ampliação do seu uso. No futuro, afirmou, à medida que surgirem outras alternativas, vai haver uma racionalização do uso de cada uma. Sob o aspecto ambiental, Alex afirmou que a hidrovia é o meio de transporte mais preservacionista que existe. Para criticar os ambientalistas que assinam o relatório independente, citou frase do governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB): "Não somos irresponsáveis. Não vamos cometer os mesmos erros dos países onde estão sediadas essas ONGs, que destruíram seus recursos hídricos". Consórcios Sobre os estudos de viabilidade e de impacto ambiental dos consórcios Taylor e Hidroservice, Alex disse que não são definitivos e que vai haver estudo mais aprofundado em relação a vários procedimentos, antes que o projeto seja colocado em prática. A Folha enviou por fax cópias desta reportagem para as consultorias Taylor e Hidroservice e para o escritório de administração da hidrovia Paraná-Paraguai, todos em Buenos Aires, e não obteve resposta. (WS) Texto Anterior: Hidrovia pode secar áreas do Pantanal Próximo Texto: Conheça as principais conclusões do relatório Índice |
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