São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Conheça as principais conclusões do relatório

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório independente sobre o projeto da hidrovia Paraná-Paraguai faz duras críticas ao projeto da obra, elaborado pelos consórcios Hidroservice e Taylor. A seguir, as principais conclusões dos 11 cientistas.
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PROJETOS MALFEITOS - "O projeto de engenharia e os estudos de viabilidade econômica e de impacto ambiental do projeto da hidrovia são imperfeitos e de baixa qualidade. Métodos científicos básicos deixaram de ser adotados."

IMPACTO HIDROLÓGICO - "A análise do impacto hidrológico é sofrível. A análise estatística foi limitada a um período de águas altas de 25 anos. Assim, os resultados dos estudos relativos às necessidades de dragagem e respectivos custos econômicos e impactos ambientais ficam subestimados no caso de um período de seca.
Isso significa, também, que não haverá a pretendida garantia de navegação, pilar de sustentação e objetivo básico do projeto."

POBREZA - "O projeto da hidrovia, além dos previsíveis impactos ambientais, irá aumentar a distância entre a minoria rica e a maioria de baixa renda, em vez de aliviar a pobreza -o que deveria ser o objetivo de um projeto de desenvolvimento sustentável para a região.
Não há estudo referencial sobre a pobreza na região, que poderia funcionar como marco para aferição do impacto do projeto. As populações indígena e de baixa renda que vivem na região pouco ou nada se beneficiarão do projeto."

BENEFÍCIOS - "Os benefícios são concentrados em poucos indivíduos e empresas. Os principais beneficiários do projeto serão as indústrias da construção pesada, os armadores e o agrobusiness."

ALTERNATIVAS - "Os estudos oficiais não consideraram os investimentos em alternativas de transporte, os impactos induzidos pelo projeto no crescimento das atividades econômicas da região nem os efeitos cumulativos do projeto de navegação, como a atração de migrantes.
Nenhum dos consórcios analisou a concorrência entre a hidrovia Paraná-Paraguai e outros meios de transporte planejados ou em construção na região, como as hidrovias Madeira-Amazonas e Tocantins-Araguaia e a estrada de ferro que liga Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) a Corumbá (MS) e a Bauru (SP) e aos portos atlânticos de Santos (SP) e Paranaguá (PR)."

CONTAMINAÇÃO - "Os estudos oficiais menosprezam o sério problema da ressuspensão de sedimentos contaminados com mercúrio, entre outras substâncias, e do incremento de vazamentos de produtos químicos perigosos, como resultado do aumento do tráfego de barcaças. Não foi realizada análise do impacto da dragagem e contaminação das fontes de água potável, por exemplo, para Assunção, capital do Paraguai."
(WS)

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