São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Rombo externo sobe para 4,3% do PIB

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O déficit nas contas externas chegou em julho a 4,35% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país).
Esse resultado se aproxima da previsão de um déficit entre 4,5% e 5% do PIB em 97, e mostra distância cada vez maior em relação ao limite desejado pela equipe econômica do governo, de 3% do PIB.
Mede-se o déficit externo pelo critério chamado transações correntes, a soma dos resultados da balança comercial, da conta de serviços e das transferências unilaterais (veja o quadro acima).
A partir dessa soma, é obtido o grau de dependência do país em relação ao capital externo.
Segundo os dados divulgados ontem pelo Banco Central, o déficit corrente ficou em US$ 18,901 bilhões de janeiro a julho deste ano, quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado (US$ 9,799 bilhões).
No período de 12 meses encerrado no mês passado, o déficit ficou em US$ 33,449 bilhões. A partir desse número é calculada a proporção em relação ao PIB, que vem crescendo mês a mês desde junho do ano passado -quando o déficit estava em 1,88% do PIB.
Balança comercial
Dentre as contas do déficit corrente, a que registra maior crescimento do ano passado para cá é o déficit da balança comercial.
As importações superaram as exportações em US$ 5,521 bilhões de janeiro a julho deste ano, enquanto no mesmo período do ano passado esse número ficou em US$ 646 milhões.
Mas outros itens também registram piora acentuada: as viagens internacionais, que somaram US$ 1,89 bilhão de janeiro a julho do ano passado, saltaram para US$ 2,502 bilhões no mesmo período deste ano.
Na mesma base de comparação, as remessas de lucros e dividendos para o exterior cresceram de US$ 594 milhões para US$ 2,992 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse que grande parte da remessa de dividendos foi resultante de ganhos obtidos pelos investidores nas Bolsas de Valores.
Investimentos diretos
A equipe econômica afirma que grande parte do déficit será financiada por investimentos diretos (na produção) de estrangeiros no país. Até julho, esses investimentos somaram US$ 8,804 bilhões.
No período de 12 meses encerrado em julho, os investimentos diretos chegaram a US$ 13,269 bilhões, o equivalente a 39,67% do déficit corrente.
Segundo Lopes, desse total US$ 2,6 bilhões vieram da privatização das empresas de gás do Rio de Janeiro.
Neste mês, até o dia 14, segundo ele, já ingressaram no país US$ 941 milhões em investimentos diretos. Isso totaliza US$ 9,7 bilhões no ano.

LEIA MAIS sobre déficit na pág. 2-12

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