São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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TRECHOS

Primeiros movimentos
"Aqui eu passei o filme na Vera Cruz para um dos maiores diretores do cinema nacional, WALTER HUGO KHOURY, e ele gostou muito do 'Pátio' e disse que Lena é boa atriz."
(1959 - para Lúcia Rocha, de São Paulo)

A batalha do cinema novo
"Quanto ao que se diz 'artístico', acho que estilo é vaidade pecaminosa (eis o nosso Trigueirinho e o nosso Khoury, terríveis pecadores)."
(1961 - para Paulo Emilio, de Salvador)

"todos os meus amigos estão no Partido. vou entrar esta semana ainda. na universidade, nos campos da Bahia e Pernambuco só há uma palavra REVOLUÇÃO!(...) se eu tivesse nas mãos dez bons roteiros, eu levantaria dez produções atuando como produtor este ano"
(1962 - para Paulo César Saraceni, de Salvador)

Perto de deus e o diabo
"Estou a caminho da lucidez, maturidade maybe. Acho São Paulo e esse tal Jorge Mautner & Khoury & Nelson Coelho & ltda uma província chata (...) De resto, é o Brasil, muito novo."
(1963 - para Jean-Claude Bernadet, de Salvador)

"ABAIXO O CHARME E VIVA O SANGUE!"
(1963 - para Saraceni, de Salvador)

A Europa cansada
"Antonioni critica uma classe, um sistema, uma moral particular, a moral de uma época? 'Blow Up' é um filme cansado de um grande cineasta. O grande erro é supor que Antonioni, Godard e outros diretores modernos falam do 'mundo moderno'. Falam de um certo mundo moderno, o mundo deles. (...) A técnica e a criação quando se encontravam, em Cannes, estavam a serviço do nada: 'Blow Up'."
(1970 - para Alfredo Guevara, de Paris)

"esculhambem bastante com os revisionistas, peguem os filmes dos meninos e façam a leitura materialista. vou mandar pro "pasca" um artigo assinado 'O Baiano da Luz Vermelha'(...) 'O Bandido da Luz Vermelha' 'curta-metragem repetido trinta vezes dilui o cinema novo num desvio revisionista. absoluto insucesso internacional. Helena Ignez não tem nível ideológico para representar uma marginal porque gestos, roupas e voz comunicam sua natureza de classe pequeno-burguesa baiana' e por aí vai. chegou a hora de pulverizar os ratos. pau neles com Detefon. Oiticica deve ser acusado de explorador sexual de favelados. denunciar a Bel Air como uma empresa diletante que sabotou a luta pelo mercado vendendo filmes a Severiano Ribeiro"
(1972 - para Cacá Diegues, de Havana)

A era das rupturas
"Realmente o cinema está uma merda, mas reflete o declínio do marxismo, do stalinismo e do capitalismo (...) Acho que temos muito que fazer, uma segunda revolução cinematográfica."
(1976 - para Cacá Diegues, dos EUA)

Câncer no cinema
"A miséria ideológica do Cinema Brasileiro (falta de ambições criativas, prostituição, decadência crítica etc.) levará o cinema brasileiro ao zero, à possível morte da Embrafilme. Não sei o que fazer pois os responsáveis estão fechados, sem diálogo. Ilhas de egoísmo reacionário."
(1981 - para Cacá Diegues, de Sintra)

Reconciliação
"Quero superar uma fase de conflitos no Cinema Brasileiro. Minha ausência é útil a todos e a mim. Compreendo isto, me retirei (...) A Cooperativa é nova fase. Enviaram-me o número de 'Luz & Ação'. Foi um feito cordial. Resolvi colaborar, superar os problemas dos anos 70. O Cinema Novo se reunirá forte nos próximos 2 anos. É a saída histórica."
(1981 - para Celso Amorim, de Sintra)

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