São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Jeff Healey se apresenta hoje no Palace

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A poucas horas do show que marca sua segunda visita ao Brasil, o guitarrista canadense Jeff Healey parece disposto a derrubar alguns mitos que lhe deram fama.
O primeiro dá conta do estigma de guitarrista de blues. "Toco todos os tipos de música, e meus solos são inspirados na improvisação do jazz", disse o guitarrista por telefone à Folha, de sua casa em Toronto.
Healey aproveitou a entrevista para desfazer também o mito erguido em torno da iniciação precoce do guitarrista, mais precisamente aos 3 anos.
"Na verdade, eu apenas arranhava as cordas de um violão, que eu nem lembro a marca, e ficava rondando com ele pela casa."
Mas um mito intocável na reputação de Healey é o fato de ele ser dono de uma sutileza pouco comum para quem se equilibra na tênue linha que separa o blues do rock pesado com muito volume.
Essa verdade ficará transparente para aqueles que comparecerem aos shows que o guitarrista faz hoje no Palace, amanhã no teatro OSPA de Porto Alegre), dia 22 no Galpão dos Andradas de Belo Horizonte e dia 23 no carioca Morro da Urca.
Os shows fazem parte da quinta edição do Top Cat Blues Festival, evento que já trouxe o guitarrista de jazz Stanley Jordan e a banda pop Ten Thousand Maniacs.
Em seus shows, Healey apresenta músicas de seus quatro discos anteriores -a única presença certa é a versão de "While My Guitar Gently Weeps", dos Beatles.
"Devo apresentar algumas músicas do novo álbum que estamos gravando. Ele ainda não tem nome. O que há de certo é que ele deve ser pesado como os dois últimos."
Cegueira Devido a um câncer no olho, Healey é cego desde o 1º ano de idade. Dizendo-se o único membro da família que desenvolveu uma aptidão musical, Healey lembra que começou a estudar piano em tenra idade.
Ele garante que o piano pouco tem a ver com a técnica que ele criou para tocar guitarra, com o instrumento no colo, as cordas voltadas para cima e com os dedos da mão esquerda percorrendo os trastes como um pianista faria.
Depois de optar pela guitarra, Healey tocou jazz, blues e rock em diversas bandas, antes de formar a que hoje leva seu nome.
Muito mais do que o som, a imagem foi a responsável pelo impulso inicial na carreira do guitarrista. Em 1986, ele gravou o vídeo para a música "Adriana", o que despertou a atenção das gravadoras e motivou o convite para que a Jeff Healey Band participasse do filme "Matador de Aluguel" (1989).
Daí para o primeiro contrato com uma gravadora e o lançamento do disco "See The Light" foi um pulo.
Para o segundo disco, "Hell to Pay", Healey contou com o auxílio luxuoso de George Harrison e Mark Knopfler. Na época do lançamento (1990), Healey capitalizou essas colaborações ilustres. Hoje, as esnoba.
"Nossos contatos se resumiram a uma troca de fitas. Não cheguei a me encontrar com essas pessoas."
Depois desses trabalhos, a Jeff Healey Band gravou "Feel This" (1992), seu trabalho mais pesado e orquestral, e "Cover to Cover", que, como o nome diz, é uma coleção de hits perpetrados por músicos que influenciaram Healey.
Volta Com a experiência de quem já tocou no Brasil em 95, durante o saudoso festival Nescafé & Blues, Healey diz que está ansioso para rever a platéia brasileira.
"Fomos muito bem tratados aí. As pessoas estavam o tempo todo preocupadas com o nosso conforto. Nos sentimos em casa."
A Jeff Healey Band terá uma única diferença na formação que se apresentou no Brasil em 95, a inclusão de um guitarrista para segurar as bases.
Healey promete apresentações de no mínimo uma hora e meia. "Mas, dependendo da empolgação da platéia, podemos tocar até duas horas."

Show: Jeff Healey Band
Quando: hoje, 21h30
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 011/531-4900)
Quanto: Ingresso: de R$ 30 a R$ 60.

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