São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Tereza Rachel vive onda de celebrações

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A atriz e empresária Tereza Rachel ganha hoje, data de seu aniversário, o título de Benemérita do Estado do Rio de Janeiro, mas ela tem muito mais o que comemorar.
Aos 40 anos de carreira e 25 anos de atividades em seu teatro, Tereza Rachel vai celebrar todas as datas e homenagens -na semana passada ela foi agraciada, pela Câmara Municipal do Rio, com a Medalha Pedro Ernesto- trabalhando.
Seus planos incluem encenação de uma peça, show de música e início da reforma do teatro.
A peça, já escolhida, é um texto que o dramaturgo Plínio Marcos a enviou, chamado "A Dança Final". O tema é a radiografia densa e corrosiva da relação de um homem e uma mulher que celebram 25 anos de casamento.
"A Dança Final" é o primeiro texto de Plínio Marcos que Tereza Rachel encena. "Estou muito feliz em fazê-lo. A peça é uma obra-prima", afirmou.
Para comemorar o aniversário do teatro, inaugurado em 1971 com o show "Gal Fatal", de Gal Costa, Tereza Rachel pretende reunir alguns nomes da MPB que já passaram pelo palco do teatro -entre eles, Gilberto Gil, Ivan Lins, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Rita Lee e Caetano Veloso- para um show comemorativo no final deste ano.
"Meu envolvimento com a música se deu por acaso. O empresário da Gal na época me procurou e propôs que o show acontecesse no teatro. Topei na hora", contou ela.
Como empresária, ela já está investindo na captação de recursos para uma grande reforma no seu teatro, que inclui a construção de duas salas, troca da mesa de luz por uma computadorizada, de refletores e de poltronas.
"Minha intenção é fazer a reforma e transformar o teatro em um espaço, semelhante ao Espaço Banco do Brasil. Quero vender o teatro para um banco ou uma empresa e passar a investir apenas na minha carreira de atriz. Quero tirar essa responsabilidade dos meus ombros", afirmou Tereza Rachel.
Segundo ela, seu teatro está há cinco anos no vermelho. "Muitos teatros foram abertos, aumentando a competitividade e não há tantas produções grandes assim", disse ela.
Ter um teatro era o plano de uma jovem atriz idealista. "Quando assumi o teatro, tinha 20 e poucos anos. Na época, toda atriz sonhava ter um teatro. Hoje não é mais assim. Os encargos são muito altos."
Na época, início da década de 70, ela fez um empréstimo no banco de Roberto Campos para comprar um espaço projetado para ser teatro no Shopping Center de Copacabana -então de propriedade de Arnon de Mello.
"Como esse mundo dá voltas... Anos depois me tornaria uma eleitora do filho dele, Fernando Collor de Mello", afirmou ela.
O episódio campanha para Collor abalou a imagem de Tereza Rachel. "Saí um pouco prejudicada, me tomam por reacionária. Não via por que não me pronunciar. Achava que, no momento, o projeto de Collor era o que tinha de melhor. Além disso, foi mais de 50% do Brasil que elegeu Collor, não apenas eu", disse.
Para superar essa e outras dificuldades, a atriz adotou um lema de autoria do encenador francês Cocteau: "Permanecer forte diante do fracasso e livre diante do sucesso". "Transformei esse ditado no meu lema", afirmou.
Assim, ela cita suas experiências como atriz e empresária -"Aprendi muito nesses anos todos, mas ter sido empresária atrapalhou minha carreira de atriz. Além disso, não fiquei rica"- com uma meta: deixar um teatro para a cidade do Rio de Janeiro.

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