São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997 |
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EUA violam tratado nuclear, acusa ONG
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, organização não-governamental especializada em questões ambientais, obteve o documento, que vai ser divulgado em Washington hoje. O jornal "The New York Times" teve acesso antecipado a ele e publicou alguns trechos em sua edição de ontem. Um porta-voz do Departamento de Energia, Robin Staffin, nega que os projetos sejam contrários aos objetivos do acordo para banir testes nucleares assinado pelos EUA e mais 146 países no ano passado (o Senado norte-americano ainda precisa ratificá-lo). A China, a Rússia e todos os outros países que oficialmente produzem armas nucleares aderiram ao acordo. O físico Matthew McKinzie, do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, argumenta que uma das cláusulas do acordo visa impedir o aperfeiçoamento qualitativo das armas nucleares existentes. Segundo Staffin, o trabalho do Departamento de Energia é apenas de precaução para quando as armas nucleares começarem a apresentar falhas que exijam a substituição de algumas de suas peças: "Precisamos estar preparados para quando isso acontecer", disse. McKinzie contesta o argumento: "Ninguém sabe quando ou mesmo se modificações das atuais armas nucleares serão necessárias um dia para mantê-las operáveis". Na sua opinião, o documento indica que os cientistas trabalham para aumentar o poder e a precisão das armas existentes com o objetivo de torná-las capazes de penetrar fundo na terra para destruir abrigos. Apesar do acordo de 1996, a indústria bélica nuclear norte-americana ainda mobiliza cerca de 25 mil funcionários públicos trabalhando em período integral e é um dos setores do governo dos EUA mantidos sob condições de segurança iguais às da Guerra Fria. O orçamento federal destina em torno de US$ 4 bilhões anuais para o desenvolvimento desses projetos. Cristopher Paine, um dos autores do estudo do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais que será divulgado hoje, junto com o documento, acha que todos esses recursos são excessivos. "São as rodas da Guerra Fria que continuam girando. Os militares e a liderança política do governo trabalham com base em velhos preceitos e mantêm na ativa os mesmos programas daquele período", afirma. Texto Anterior: Mina antitanque mata 12 civis em Burundi; Após 158 anos, escola dos EUA aceita mulher; Mortos no Quênia chegam a ao menos 35; Colômbia cancela eleição em 10 cidades; NY detém dois policiais acusados de tortura; Clinton quer ampliar fundo em US$ 50 bi Próximo Texto: EUA vão negociar fim de mina terrestre Índice |
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