São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Reação à greve divide os governistas

FERNANDO GODINHO
DE BUENOS AIRES

As violentas manifestações ocorridas na Argentina durante a greve geral da última quinta-feira dividiram as duas principais lideranças do Partido Justicialista: o presidente Carlos Menem e o governador da Província de Buenos Aires, Eduardo Duhalde.
Após a greve, Menem afirmou que os partidos de oposição ao seu governo são os "autores intelectuais dos atos de violência" verificados no país: depredação de uma centena coletivos e interrupção de 20 rodovias nacionais.
Duhalde, principal pré-candidato do PJ à sucessão de Menem na eleição de 1999, disse no último sábado que "a oposição não é violenta" e nem sequer fez uma avaliação sobre a greve, argumentando que estava fora do país.
Ontem, o chefe de gabinete do presidente Menem, Jorge Rodríguez, disse que Duhalde terá de "explicar suas declarações" e reforçou os ataques à oposição.
"A aliança não pode dizer que nada tem a ver (com os atos de violência), pois incitou e apoiou a greve", disse, se referindo à aliança eleitoral entre a UCR (União Cívica Radical) e a Frepaso (Frente País Solidário).
Menem vem sendo criticado dentro do PJ por abandonar tradicionais políticas de assistência social e proteção à economia nacional, e Duhalde procura se diferenciar do presidente para se consolidar como uma opção ao "menemismo" na eleição de 1999.
Mesmo assim, não deixou de reprimir as manifestações dos grevistas: só em La Plata (a capital da Província de Buenos Aires), 76 pessoas que bloqueavam as rodovias de acesso à cidade foram presas após serem perseguidas pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Esses manifestantes estavam presos até ontem. Os responsáveis pelos atos de violência foram identificados como integrantes do Quebracho, um grupo de esquerda sem representação na aliança eleitoral das oposições.
A sétima greve geral contra o presidente Menem (que governa a Argentina desde 1989) foi convocada pelas centrais MTA e CTA.
A aliança da UCR e da Frepaso apoiou a paralisação, mas evitou se envolver diretamente com as manifestações -pois teme uma repercussão negativa do eleitorado da classe média nas eleições parlamentares de outubro.
Ontem, a candidata da aliança a deputada nacional pela Província de Buenos Aires Graciela Fernández Meijide disse que o governo federal quer "meter medo" na população ao relacionar a oposição com as violentas manifestações contra seu governo.

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