São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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MUITO ALÉM DA BOLSA

Na sexta-feira, a Bolsa de Nova York celebraria 15 anos de alta contínua. Um fenômeno, diga-se, vivido por uma geração que se acostumou a ganhos médios anuais em torno de 20%, apesar dos tropeços de percurso. A celebração, no entanto, foi frustrada. A Bolsa terminou o dia em forte queda (3,1%), a maior desde o "crash" de 1987 e a segunda em sua história. Mas é justamente o vigor da expansão nos últimos 15 anos que recomenda cautela antes de dizer se essa baixa prenuncia uma correção de rumos. Afinal, as perdas no "crash" de 87 (20% num só dia), vistas à distância, acabaram como nada mais que um soluço. E ontem, depois do susto de sexta-feira, Wall Street acabou fechando em alta.
Embora os ciclos de especulação financeira às vezes reflitam só a euforia de um grupo limitado de investidores, no caso da Bolsa norte-americana a evolução dos últimos 15 anos talvez não autorize previsões pessimistas. Foi nesse período que surgiu e pouco depois desapareceu a tese da decadência dos EUA. Contrariando os que acreditavam na supremacia japonesa e no surgimento de uma União Européia autárquica, uma das maiores revoluções tecnológicas da história reafirmou a hegemonia da economia norte-americana.
Essa mudança tecnológica explica o aumento da lucratividade das grandes empresas dos EUA, sua globalização sem paralelo e, portanto, sua capacidade objetiva de oferecer retornos crescentes aos investidores.
É a "era da informação", consagrando a disseminação dos computadores e redes, injetando ganhos sem precedentes de produtividade nas indústrias, dando novas dimensões ao setor de serviços e obrigando a uma ampla flexibilização do mercado de trabalho.
O Japão e a União Européia, hoje, patinam. O dólar continua sendo a moeda universal. Nesse contexto, a exuberância de Wall Street parece menos irracional do que declarou Alan Greenspan, presidente do Fed, o Banco Central dos EUA.

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