São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 1997 |
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Furtado retrata isolamento urbano
JOSÉ GERALDO COUTO
"Angelo Anda Sumido", que passa hoje no Festival de Curtas de São Paulo, é mais um passo nesse caminho, que inclui a experiência do cineasta como roteirista e diretor de programas da Rede Globo, sobretudo da "Comédia da Vida Privada". No novo curta, Furtado parte de uma situação banal -um jovem sai de casa pensando em jantar com um amigo- para traçar um retrato expressivo do que é a vida hoje nas grandes cidades brasileiras: um emaranhado de grades, de ruas sinistras em que não convém passar, de hostilidades difusas e medo generalizado. Há uma tensão surda entre o que entra no filme como se fosse por acaso -o lixo na rua, os mendigos, a conversa disparatada de porteiros e taxistas, a deterioração urbana- e a trajetória individualista e banal do protagonista, que só pretende comer e voltar para a sua casa. Diante desse objetivo primordial -enunciado já na primeira fala, em "off"-, o "outro" (seja ele o porteiro, os mendigos, o taxista, o vigia, e até mesmo o seu amigo Angelo) é apenas um empecilho do qual o protagonista precisa se livrar. Se extrai toda a sua força desse confronto entre o casulo individual e a realidade hostil do espaço outrora público, Jorge Furtado investe numa opção ousada e quase suicida de final: a ausência de desfecho, como demonstração do teorema de que o "outro" só estorva o protagonista. A odisséia urbana termina quando este come um prosaico cachorro-quente. Mostra: 8º Festival Internacional de Curta-metragens Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, Jardim Europa, tel. 011/280-0896) Quando: hoje, a partir das 18h Quanto: grátis Texto Anterior: Festival traz curtas para todos os gostos Próximo Texto: 'Mr. Bean' usa comicidade dos mal-entendidos Índice |
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