São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 1997
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Festival traz curtas para todos os gostos

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Não é difícil se perder num evento que reúne 290 filmes curtos, vindos de 50 países e organizados em 41 programas distintos. Esse tentador labirinto chama-se 8º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, que começa hoje para o público.
Poupe a ansiedade. Têm-se nove dias para desfrutar do melhor da produção mundial de curtas do último ano, além da série de programas especiais. Uma estudada na programação permite agendar seu roteiro ideal. Leia abaixo algumas sugestões de recortes para você compor o seu festival.
CURTA COMO CONTO - Também o curta de ficção oscila entre a arte (conto) e a indústria (cartão de visitas).
Paradas obrigatórias são "81", do irlandês Stephen Burke (Internacional 5), e "Será Que É o Desenho da Embalagem?", que valeu a Palma de Ouro de curtas em Cannes-97 para Tessa Sheridan (Int. 9). Três programas brasileiros também exigem presença. Uma trinca que se destacou em Gramado está no Panorama Brasil 1: o exageradamente premiado "Decisão", o belo solo de Zezé Polessa em "Dedicatórias" e o subestimado "Ângelo Anda Sumido", de Jorge Furtado.
O principal inédito nacional, "Rosa" de Bruno Vianna, participa do Brasil 7 ao lado, entre outros, de uma dupla sem papas na língua: "Anjos Urbanos" e "Sexo & Beethoven - O Reencontro". Confira ainda o Panorama Brasil 10, que inclui "O Pulso" e "Átimo", ambos premiados em Gramado.
CURTA COMO VANGUARDA - Tampouco pode-se reclamar do cinema que aposta na experimentação. Bata ponto nos dois programas trazidos pela Image Fórum de Tóquio. O primeiro destaca a vanguarda japonesa hoje. O segundo celebra quase duas décadas de inquietude de Takashi Itoh, que reconstrói o espaço fílmico com um furor que desafia os atuais reis dos efeitos por computador.
Impõe-se também toda a atenção ao ciclo dedicado ao cineasta alemão Matthias Müller. Sua obra desenvolve-se com notável coerência há quase uma década, tendo por eixo a reconstrução da memória do próprio diretor. CURTA COMO AFIRMAÇÃO - Não confunda correção política com lassidão estética. O chamado cinema das minorias dá o tom do festival. Não perca o supletivo do curta negro, produzido na África e nas diásporas (Brasil, EUA e Grã-Bretanha). Não é exaustivo, mas funciona como uma introdução e tanto. Muito mais tímida, mas não menos importante, é a sessão em homenagem à distribuidora americana "Women Make Movies".
CURTA-VERDADE - Não saia atrás do documentarismo militante velho de guerra. Mesmo os poucos retratos recusam-se às visões totalizadoras, como nos belos "Nélson Sargento" (Brasil 6) e "O Capeta Carybé" (2). A economia do lixo no Rio surge com frescor em "Burro Sem Rabo" (8). Na seleção internacional, dois novos filmes de mestres: o lituano Audrius Stonys ("Voando sobre Campos Azuis", Programa 1) e o canadense Mike Hoolboom ("Cartas Vindas de Casa", 7).
ANIMAÇÃO - Para quem pioneiramente apresentou entre nós a produção dos estúdios Aardman (leia-se Nick Park), a seleção deste ano não é das mais fortes. Ainda assim, todo um programa faz um balanço da animação alemã pós-queda do muro. Por falar em Berlim, não dá para perder o vencedor do Urso de Prata do ano passado, a versão surrealista com bonecos para "O Médico do Interior", de Kafka, dirigida por Katarina Lillquist.

Evento: 8º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo
Quando: de hoje a 30 de agosto
Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 011/852-9197), Centro Cultural São Paulo - sala Lima Barreto (r. Vergueiro, 1.000, tel. 011/277-3611), Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel.011/282-0213), Espaço Unibanco de Cinema - sala 4 (r. Augusta, 1.470, tel. 011/287-5590)
Quanto: entrada franca (com distribuição de senhas uma hora antes de cada sessão)

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