São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 1997
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Peça escorrega em didatismo comercial

MÔNICA RODRIGUES COSTA

"Uma Aventura no Planeta Boca" é um musical feito especialmente com os ritmos do samba e de marchinhas de Carnaval, com diálogos rimados e que tratam da saúde dos dentes.
Conseguir eficácia na transmissão de uma mensagem pedagógica tão explícita como essa, e ter um enredo atraente não é tarefa fácil.
O espetáculo até consegue ser engraçado e não tem o ranço da lição de moral. Conta a história do rei Molarino, caracterizado mais como um bobo da corte, que se deixa influenciar pelo conselheiro Zé Cariado. Este, troca as normas de alimentação e higiene para enganar o rei. Aconselha-o a comer doces o tempo inteiro e a só escovar os dentes em dias alternados, a fim de curar uma doença inventada. Cariado tem duas ajudantes -bruxas malvadas- para auxiliá-lo na tarefa da destruição dos dentes.
Mas tudo acaba bem, com a propaganda de uma pasta dental em cena, porque entra em ação um personagem que funciona como a consciência do rei e prova que Zé Cariado é um impostor.
O enredo tem encandeamento lógico correto e usa os recursos típicos (e cansativos) dos contos de fada, como a luta entre o bem e o mal. Mas não há nada de especial em "Uma Aventura no Planeta Boca". Trata-se de uma peça comercial de uma pasta dental, com a finalidade (ainda que útil, num país de banguelas) de ensinar a cuidar dos dentes.
Todo o resto é lugar-comum, desde a interpretação estereotipada do elenco até as rimas fáceis, em inversões sintáticas previsíveis -como o deslocamento dos verbos para os finais dos versos a fim de obter rimas.

. UMA AVENTURA NO PLANETA BOCA Texto Michel Fernandez. Direção Nelson Baskerville. Com Gláucia Bittar e Kátia Martins. Célia Helena (r. Barão de Iguape, 113, Liberdade, região central, tel. 279-0470). 160 lugares. Sáb. e dom.: 16h. Até 28/09. 55 min. Recomendado para crianças de 4 a 7 anos. Ingr.: R$ 10.

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