São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Teses de grupos expõem divisão do PT

Ala de Genoino defende mercado

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente que o PT vai eleger no próximo domingo, José Dirceu ou Milton Temer, vai encontrar um partido conflagrado e, pior, sem perspectiva de entendimento.
A afirmação pode ser comprovada na leitura das quatro principais teses inscritas para a convenção nacional do partido, que começa na próxima sexta-feira no Rio.
As teses serão votadas pelos delegados e a vencedora, sujeita a emendas, servirá como guia para o partido no próximo período, incluindo aí o eleitoral.
As "trombadas" ocorrem até entre pertencentes ao mesmo campo político. É o caso, por exemplo, dos dois grupos que apóiam a candidatura do ex-deputado José Dirceu, que tenta a reeleição à presidência da legenda.
A ala do deputado José Genoino, a "direita" no espectro interno, faz uma defesa do mercado que certamente deixa corados muitos dos aliados que se situam na tendência "centrista" de Dirceu, a "Articulação, Unidade na Luta".
"O mercado afirmou-se como instituição útil e necessária na regulação da economia", diz o documento de Genoino, que tem ainda uma crítica explícita aos petistas que "apostam no fracasso do real, mesmo disfarçadamente".
O texto do setor de Dirceu e Luiz Inácio Lula da Silva repete as críticas ao custo social imposto pela estabilização e propõe a "resistência popular ao neoliberalismo.
"Esquerda"
O texto preparado pelos principais grupos da "esquerda" petista, o "Mudar o PT para mudar o Brasil", é o mais crítico ao analisar a globalização, tida como inevitável por alas opostas do petismo.
"O futuro parece marchar para o passado, com o endeusamento do mercado, da competição desenfreada e da guerra de todos contra todos", afirma o documento assinado, entre outros, pelos prefeitos Raul Pont (Porto Alegre) e Edmilson Rodrigues (Belém).
A "esquerda" propõe, ao contrário dos adversários, que as alianças para 98 sejam limitadas ao campo tradicional do PT.
Outro setor da "esquerda" assinou a tese "Posição do PT na campanha eleitoral de 98". O texto foi elaborado principalmente pelo ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, católico que se tornou guru de uma parcela dos radicais.
"Não é essencial para a caminhada do povo brasileiro em busca de sua plena independência e da implantação de uma verdadeira democracia que o PT vença a qualquer custo as próximas eleições", contém a tese, acusada por apoiadores de Dirceu de, no fundo, minimizar a via institucional.

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