São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Julgamentos por mortes são raros

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA EM PONTA PORÃ (MS)

Poucos casos de assassinatos premeditados vão a julgamento nas cidades de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, porque a autoria dos crimes quase nunca é identificada, segundo juízes ouvidos pela Agência Folha.
O juiz paraguaio Victor Manuel Medinas, 48, disse que geralmente as vítimas são assassinadas no Brasil e jogadas no Paraguai, o que dificulta a investigação.
A Justiça sul-mato-grossense não dispõe de um levantamento, mas a juíza da Vara Criminal de Ponta Porã, Dileta Terezinha Souza Thomaz, 48, diz que, nos últimos três anos, pelo menos um caso com características de assassinato sumário teve autoria identificada pela Polícia Civil.
O julgamento dos quatro acusados deve ocorrer ainda em setembro. A vítima foi morta a tiros e incendiada à beira da rodovia MS-384. Ciúme de uma mulher foi o motivo apontado no inquérito policial.
A juíza reconheceu que a impunidade na fronteira "cai nas costas do Judiciário".
Outro raro assassinato com autoria identificada e levado a julgamento terminou com a absolvição de dois acusados de homicídio, em março último, pelo Tribunal do Júri em Campo Grande.
Vilmar Francisco de Lima e José Paulo Galdino, e outras duas pessoas ainda não julgadas, eram acusados de matar o dono de uma oficina de aviões de São Paulo, Benedito Mendonça de Moura.
A partir de depoimentos prestados pelos acusados à polícia, o Ministério Público denunciou que o crime teria ocorrido a mando de dois empresários de Ponta Porã, Luiz Henrique Rodrigues Georges e Daniel Alvarez Georges, respectivamente sobrinho e filho do empresário de Ponta Porã Fahad Jamil, o "Fuad", irmão do ex-deputado federal e candidato derrotado a governador Gandi Jamil.
No julgamento, os acusados disseram que os depoimentos na polícia foram forjados e assinados após sessões de tortura, espancamento e afogamento. Com isso, os advogados dos empresários afirmam que a acusação contra seus clientes não faz mais sentido e era "uma trama urdida por policiais".
Havia duas outras pessoas acusadas pelo crime: José Francisco de Lima e José Francisco da Rocha Pires. Ambos foram assassinados.

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