São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997 |
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Coronel da PM suspeito de mortes é vereador
RUBENS VALENTE
Em entrevista gravada por uma equipe do SBT sem que ele percebesse, em setembro de 95, Massad fez declarações sobre a "limpeza" de bandidos na região e foi afastado do grupo pelo governador Wilson Martins (PMDB). A entrevista provocou a abertura de um inquérito a pedido do Ministério Público, que acabou sem acusações contra o coronel. O GOF virou DOF (Departamento de Operações Especiais). Eleito com 2.830 votos, Massad disse à Agência Folha que se sente "absolvido pelo povo". No fim de 95, cerca de 2.000 pessoas, segundo a imprensa local, pediram a volta do coronel à chefia do DOF, em um protesto batizado de "Carreata da Paz". Os manifestantes se queixavam da criminalidade. Além do apoio do voto, empresários e fazendeiros doaram R$ 200 mil para a construção da nova sede do DOF. O departamento recebe ajuda mensal de gasolina dos empresários da região. Neto de delegado e policial desde 1953, o coronel anda armado com um revólver calibre 38 na cintura nas sessões da Câmara de Vereadores e sente falta do cinturão com 50 balas que levava para as operações. No dedo, um anel com uma caveira e dois ossos. "Tenho saudades de estar no 'trecho' (trabalhar em operações de barreira em rodovias) porque fiz coisas boas e positivas", diz. O coronel chegou a integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Pediu afastamento para assumir a Comissão de Justiça. Massad disse à Agência Folha não acreditar na recuperação de presos nas prisões brasileiras. Ele disse apoiar quem mata para "defender sua família" de "bandidos que invadem casas e fazem barbaridades". Mas nega que o DOF faça justiça por conta própria. "Um dia me perguntaram se o GOF era um grupo de extermínio. Respondi que antes da nossa chegada (em 89, a Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul), já morria muita gente." Em seis anos de chefia do GOF, Massad conta a perda de três policiais, um morto na calçada de uma rua em Ponta Porã, outro em sua casa em Sanga Puitã e o terceiro numa barreira em rodovia. "Todos tombaram em cumprimento do dever", diz. Texto Anterior: Agem como "saco de batatas" na cama Próximo Texto: Ritual atrai carioca para Santa Teresa Índice |
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