São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Técnicas usadas para fraudar são cada vez mais aprimoradas

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Técnicas usadas para fraude são cada vez mais sofisticadas
Os esquemas para fraudar cartões de crédito usam atualmente equipamentos que são capazes de reproduzir inclusive os hologramas adotados pelas empresas que emitem os cartões.
Esses hologramas são impressos nos cartões exatamente para tentar evitar -ou dificultar ao máximo- que eles sejam duplicados por fraudadores.
Cartões já com os hologramas, que exigem a aplicação de raios laser para serem reproduzidos, podem ser comprados por preços entre US$ 5 e US$ 15, conforme a quantidade, de acordo com informações do FBI (a polícia federal dos Estados Unidos).
Em geral, esses cartões falsificados são produzidos em países asiáticos como Taiwan, Hong Kong ou China.
Sem limites
Em 1994, o governo canadense prendeu uma quadrilha de falsificadores chineses que tinha "fabricado" cerca de 300 mil cartões, dos quais 250 mil já tinham sido distribuídos.
Esse é um exemplo do grau de sofisticação empregado ultimamente nas fraudes com cartões e que revela como os fraudadores reagem a cada iniciativa do setor para tornar o sistema mais seguro.
A cada vez que as empresas adotam um novo sistema criptográfico (que transforma números e letras em códigos), que em princípio seria muito difícil de ser decodificado, não se passam mais de seis meses até que os fraudadores consigam acesso aos novos códigos, diz James Wygand, diretor da Kroll Associates, especializada em investigações sobre fraudes.
"Quando me perguntam se existe algum sistema de segurança inviolável, respondo sempre que qualquer coisa que um ser humano for capaz de fazer outro ser humano terá capacidade de desfazer", comenta Wygand.
Conivência
Além de tecnologia para fazer cópias dos cartões, os fraudadores precisam ter acesso a dados de usuários dos cartões para que eles sejam aceitos pelo sistema no caso de uso em estabelecimentos comerciais que usam máquinas automáticas.
Por isso, cadastros das administradoras são "vendidos" às quadrilhas de criminosos especializados nesse tipo de fraude.
Com os dados, eles falsificam cartões ou pedem cartões adicionais que são usados durante um curto espaço de tempo, antes que sejam descobertos pelo verdadeiro dono do cartão.
Também já foram constatados casos em que um parente de funcionário de administradora de cartão é sequestrado para que o funcionário seja obrigado a fornecer dados cadastrais.
Postos de gasolina
Outro caminho para os fraudadores terem acesso ao nome do usuário e ao número do cartão é por meio das cópias de recibos, fornecidas por donos ou empregados de estabelecimentos comerciais.
No caso de grupos mais sofisticados, primeiro eles ganham a conivência de lojistas ou funcionários de postos de gasolina.
Depois, por exemplo, instalam equipamentos em telefones que reproduzem o código magnético dos cartões.
(CGF)

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