São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Terceira idade vai à luta e ganha espaço

Ter mais de 50 anos vira pré-requisito

SIMONE CAVALCANTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Muito se engana quem pensa que a vida profissional acaba aos 50 anos. O mercado de trabalho está começando a voltar os olhos para a terceira idade. Desde que a pessoa seja qualificada e, sobretudo, atualizada, há oportunidades.
A tendência européia e norte-americana de empregar aposentados em bibliotecas e, principalmente, no atendimento ao público começa a desembarcar em território brasileiro, segundo Antonio Carlos Dias, 53, consultor da agência de empregos Manpower.
Os números comprovam. Pesquisa da Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) revela que é recorde -5,9%- o número de mulheres com 50 anos ou mais que, pela primeira vez, estão participando do mercado de trabalho na Grande São Paulo.
A explicação, segundo Sandra Bandão, 30, analista de projetos da Seade, pode ser resumida em três fatores: fim da idade reprodutora, tentativa de elevar ou suprir a renda familiar e expectativa de entrar no mercado de consumo.
Outro fator relevante é que a média de vida no país, nos últimos dez anos, cresceu quase 10%. Segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a esperança de vida fica perto de 60 anos, para os homens, e de 70 anos, para as mulheres.
Em função disso, já existem oportunidades de trabalho específicas para a terceira idade (veja abaixo). "Nichos de mercado voltados para a intelectualização são ideais para profissionais que já se aposentaram", diz Jan Wiegerink, 70, presidente da Gelre, consultoria em RH (recursos humanos).
Nos últimos 12 meses, a Gelre empregou 2.000 pessoas com mais de 50 anos. Uma delas foi a secretária Maria Miranda, 62. "Estava aposentada, mas minha vida profissional não havia acabado."
Ela trabalhou como temporária em duas empresas. Quando o contrato terminou, começou a fazer traduções em casa. Hoje, dá aulas de informática em uma escola e presta serviços de consultoria.
"As pessoas que começam no trabalho temporário têm boas chances de ser efetivadas", confirma o presidente da Gelre. "Para algumas ocupações, a experiência vale mais que a capacidade física."
Habituar-se com a evolução tecnológica, ter visibilidade e habilidade para se relacionar. Isso, somado a uma postura profissional na entrevista, pode garantir uma vaga, independente da idade do candidato, dizem os consultores.

LEIA MAIS sobre vagas para a terceira idade na pág. 8-3

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