São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preço de terreno tende a frear novas obras

DA REPORTAGEM LOCAL

O alto preço do m² na avenida Brigadeiro Faria Lima deve frear um pouco os investimentos em novos empreendimentos na região, pelo menos até que os valores atuais caiam, avaliam consultores ouvidos pela Folha.
O preço pedido por terrenos para incorporação imobiliária chega a R$ 5.000 o m². Esse valor inviabiliza um preço final competitivo do imóvel. Com isso, as empresas que precisam comprar um terreno para construir têm um "nó" difícil de desatar. As empresas que fizeram lançamentos recentes já possuiam o terreno há alguns anos.
"Quem viabilizou (a obra), viabilizou. Agora está mais difícil", afirma Gerson Bendilati, diretor-superintendente da Inpar.
O preço médio do m² em São Paulo fica em torno de R$ 3.000. A Inpar, que lançou um flat na avenida neste mês, pagou em torno desse valor pelo terreno, há cerca de três anos. As unidades tem custo médio de R$ 125 mil. Segundo Bendilati, com os preços atuais dos terrenos, as unidades teriam de custar R$ 170 mil.
"Não faz sentido lançar empreendimentos com valores tão altos", avalia o consultor imobiliário João Freire D'Avila, 39.
Exagero
Apesar disso, diz ele, há demanda muito grande na região por edifícios de escritórios e por flats.
O consultor Luiz Álvaro de Oliveira, 54, acredita que novas incorporações devem ganhar corpo depois que o preço cair.
Oliveira diz que a especulação na região está exagerada. "Não há negócios com esses valores. A Faria Lima é o maior padrão de excelência da cidade, mas isso não significa que o investidor vai pagar com um cheque em branco."
"Houve época que se falava em terreno de R$ 10 mil o m² na avenida Paulista. Nunca vi nenhum negócio com esse valor."
Investimento
O alto valor do m², no entanto, não desanima todos os compradores. A construtora GHG adquiriu um terreno de 3.300 m² no início deste ano.
Pagou cerca de R$ 5.000 o m² e vai construir, no ano que vem, um edifício de escritórios com 18 andares. O projeto ainda está em estudo, mas cada laje deverá ter 1.000 m², com área total de 25 mil m².
"É um produto especial, voltado para multinacionais, e tem demanda", afirma Elie Hamaoui, 43, diretor da GHG. Segundo ele, o preço de venda do imóvel vai ficar em torno de R$ 4.500 o m².
Na avenida Paulista, ainda hoje o principal centro de negócios de São Paulo, esse valor está em torno de R$ 4.000.
O empreendimento da GHG ficará pronto 24 meses depois de iniciadas as obras.

Texto Anterior: Especulação chega à região
Próximo Texto: Centro de conveniência deve atrair público noturno
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.