São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997 |
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"O automóvel é o cidadão"
OLGÁRIA MATOS
Quer dizer, o automóvel, ao invés de ser instrumento de transporte, virou sujeito da cidade. Ele é o cidadão. Você pode notar isto nos domingos de manhã, no modo como as pessoas lavam seus automóveis, passam o brilho. Veja, o automóvel é tratado como um ser humano. Então eu acho que há uma inversão. (...) Retorno à natureza Penso justamente que não é mais possível diferenciar o que é natural e o que é cultural hoje, se é que em algum momento foi possível. Agora, fala-se desses retornos redimensionados, acerca do que é uma volta à natureza desde os hippies, retomando a questão dos cínicos na Grécia. (...) Essa idéia de uma natureza boa, de uma natureza harmoniosa, proporcionada, equilibrada é uma espécie de mito, que retorna permanentemente para o interior da civilização. Eu não vejo muito como separar o natural do cultural. É sempre possível encontrar a natureza dentro da própria cultura. Lembro-me que uma das chamadas do programa de hoje é sobre um certo rousseaunismo que eventualmente pudesse estar presente nesse urbano tão inflacionado... Que o retorno à natureza seria essa natureza do romantismo construído, acolhedora, toda farta, bela. Acho que isso existe como um desejo forte, mas é possível que se faça um bom selvagem na cidade, para falar do Rousseau. Quero dizer: "Emílio", de Rousseau, é o selvagem educado para viver na cidade. Então, é possível encontrar o natural no social, se se entender por natureza essa natureza humana, boa e harmoniosa. Texto Anterior: "Perdemos o espaço público" Próximo Texto: Programas são vendidos Índice |
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