São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Aliados do prefeito controlam a polícia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os grandes argumentos do prefeito Giuliani para demonstrar que a cidade está feliz com a polícia que tem são os seus índices de popularidade e a redução registrada em 1997 no número de reclamações de violência policial junto à comissão civil que criou para lidar com elas.
Sobre a popularidade de Giuliani, as urnas em novembro vão dizer se ela é substancial ou não e, mesmo que ele seja reeleito, é sabido que em boas condições econômicas o eleitor tende a manter quem está no cargo, ainda que não o considere o melhor (veja-se o caso de Bill Clinton no ano passado).
Mas a respeito da comissão que trata das queixas contra a polícia, é difícil engolir a racionalidade do prefeito. A comissão é nomeada por ele. Seu atual presidente, William Bratton, foi chefe de polícia em Nova York de 1994 a 1996, na gestão Giuliani, e um dos formuladores da política policial em vigor.
Giuliani nunca escondeu do público que seu instinto é dar o benefício da dúvida a qualquer policial acusado de agressão. No caso de Louima, no entanto, ele está sendo duro. Bom político, já sob fogo cerrado por causa de rumores de um caso extraconjugal com uma assessora, o prefeito com certeza está dando prioridade ao seu instinto de sobrevivência do que ao de defender policiais impopulares.
Ainda assim, Giuliani só vai ganhar respeitabilidade se permitir que entidades independentes investiguem o trabalho da polícia de Nova York. Ele tem rechaçado com veemência essa possibilidade.
(CELS)

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