São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Vídeo de tortura causa protesto

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O caso do haitiano em Nova York não foi o único este mês de abuso aos direitos humanos a chocar consciências nos EUA e colocar em risco o futuro político de conservadores que se apresentam em roupagem contemporânea e com aparência de progressista.
Um vídeo exibido com destaque nas emissoras de TV do país mostra detentos numa prisão no Estado do Texas, região sul, sendo humilhados (arrastando-se no chão para se mover) e agredidos por guardas (com pontapés, mordidas de cachorros e cacetadas) que sabiam estar sendo filmados.
O incidente criou um problema entre Estados porque os prisioneiros eram do Estado de Missouri, meio-oeste do país. Eles haviam sido enviados para uma penitenciária gerida por uma empresa particular (como há dezenas nos EUA) para economizar o dinheiro do contribuinte. O governador do Missouri, Mel Carnaham, cancelou o contrato e mandour retornar seus 415 sentenciados. O do Texas, George Bush, filho do 41.o presidente e aspirante à sucessão de Bill Clinton, teve que se desculpar com o colega e prometeu "punição rigorosa" para os culpados.
Tanto no caso de Nova York quanto no de Missouri, o governo federal estuda a possibilidade de processar os agressores por violação dos direitos civis, como fez no caso dos policiais brancos que espancaram o cidadão negro Rodney King em Los Angeles, Califórnia, costa oeste, em 1991 (eles foram absolvidos pela justiça estadual, o que provocou conflitos raciais na cidade, mas dois deles foram condenados pela federal).
Também nos dois casos (como no de King), as vítimas vão entrar com ações em busca de indenizações. King recebeu U$ 3,8 milhões. O haitiano torturado em Nova York quer U$ 5, 5 milhões. Dois detentos do Missouri mordidos por cães atiçados pelos guardas do Texas vão pedir U$ 1,8 milhão.
(CELS)

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