São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Negócios com o governo exigem cautela

DA REPORTAGEM LOCAL

Fazer negócio com o governo tem compensações e riscos. O lado bom é que cerca de 7.130 licitações na área, em média, estão disponíveis diariamente, segundo a RHS.
O lado ruim é que as micro e pequenas empresas têm de ser ágeis contra a burocracia e contra os prazos curtos. E, pior de tudo, não estão livres de calotes.
"Os critérios dificultam a participação das pequenas", afirma Sylvio Goulart Rosa Jr., 56, presidente do Sebrae-SP.
No convite, o prazo para apresentar a proposta, após sair o edital, é de 5 dias úteis, contra 15 dias corridos na tomada de preços.
"Ficamos na mão do contador, que tem de manter todos os documentos em ordem para não perdermos o prazo", conta Maria de Lourdes Ferraz de Campos, sócia da escola Paulistana.
Contratada para dar aulas de inglês na Fepasa e na Telesp, ela diz que compensa: "É dinheiro sagrado, que entra sempre".
As empresas participantes também precisam conhecer o esquema de divulgação. "As instituições não são obrigadas a publicar o convite em jornais. Basta afixar as informações em um mural", conta a advogada Maria Lúcia Jordão Ortega, professora de direito administrativo da PUC-SP.
"Temos de seguir à risca cada detalhe dos editais", conta Edna de Queiroz, 38, sócia da Naturiche, fornecedora de alimentos para empresas como CET e Sabesp.
"Já perdi licitação devido a uma diferença mínima no peso da sobremesa", conta Edna, que também comandou o serviço de bufê no Sambódromo paulistano.
Após ganhar a licitação, é preciso se preocupar com o pagamento. Walmir Calhau, 41, da Cone Engenharia, que faz obras para a Prefeitura de São Paulo, está sentindo esse problema: "O pagamento está atrasando". A prefeitura confirma "atrasos eventuais" de até 25 dias devido a "burocracia".
O empresário também tem de atuar com o setor privado. "Muitos só descobrem isso quando ficam sem contratos e clientes fiéis", diz Ricardo Poli, do Sebrae-SP.
Mesmo assim, há quem centre o foco nas licitações. "Cerca de 70% do nosso negócio é direcionado ao governo", diz Nilson de Almeida, 54, sócio do Graphimport, que faz manutenção em gráficas no Rio.

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